segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Problemãozinho

O problema da resistência a antibióticos
Outro super texto do Gustavo, falando do que provavelmente será a causa mortis de muitos de nós. O assunto é cabeludo e faz a gente pensar no quanto a falta de logística pode nos fazer mal. Leia.


Para excitar os químicos e farmacêuticos, no ano internacional da química, estamos com um “problemãozinho” na área da saúde. O aumentativo por causa do efeito que ele pode ter, e o diminutivo por causa do tamanho da fonte do problema: uma bactéria.
O uso abusivo de medicamentos antimicrobianos (os famosos antibióticos) foi fator seletivo de linhagens de bactérias que possuem um gene para uma enzima que destrói a função antimicrobiana dos antibióticos, o anel betalactâmico. Esta enzima, chamada de betalactamase, destrói o princípio ativo dos antibióticos mais eficientes que se encontram hoje para o uso no tratamento de infecções bacterianas.
Vários antibióticos extremamente eficientes, como a meticilina, passaram a ser simples fagócitos das células procarióticas. Linhagens de Staphylococcus aureus ficaram famosas, com o nome MRSA (sigla em inglês para “Staphylococcus aureus resistente à meticilina”), aterrorizando hospitais com surtos de infecções, principalmente em hospitais com infra-estrutura precária, onde os instrumentos invasivos (cateteres, objetos perfurocortantes, etc.) viraram o transporte destas bactérias para dentro do organismo humano.
As bactérias possuem vários métodos de se reproduzir, como a cissiparidade e a troca de material genético, mas um específico consiste na reprodução interespecífica (uma espécie de bactéria com outra espécie de bactéria) através da ajuda de alguns vírus de ciclo lisogênico. Estes vírus são parasitas de bactérias e utilizam das organelas e nutrientes da desta para a sua replicação, e acabam mesclando no DNA ou RNA dos novos vírus que surgirão este gene que confere resistência aos antibióticos. Este novo vírus, então parasita outra bactéria, e injeta seu DNA ou RNA para dentro da célula continuando o ciclo, e este se mescla com o DNA bacteriano, conferindo a esta nova bactéria, a resistência aos antibióticos.
Desta maneira, temos hoje várias linhagens de bactérias com resistência ao anel betalactâmico, como por exemplo, as Escherichia coli.
Políticas de higienização diminuirá os casos dessas infecções, porque elas já conseguem deixar o ambiente hospitalar e atingir populações e comunidades. Ficar ciente de que o culpado disso somos nós, com o uso abusivo de antibióticos (quem nunca ouviu falar ou nunca tomou amoxicilina? Haha), então os antibióticos devem ser utilizados com a prescrição médica e na dosagem prescrita, para evitarmos uma maior proliferação destas superbactérias.
Provavelmente a grande solução disto tudo será a criação de um antibiótico não betalactâmico eficiente. Há de se esperar isso, não? Viva o ano internacional da Química!
Gustavo Lepore (anakin_lepore@hotmail.com)

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