segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Cortisol: o hormônio do estresse

Pesquisas científicas atuais vêm enfatizando a influência psíquica como gatilho da síndrome de overtraining (excesso de treino). Essa síndrome tem sido associada à fadiga persistente, distúrbios do sono, alteração do estado de humor e da frequência cardíaca e depleção dos estoques de glicogênio muscular. Essas são algumas formas de limitarmos ganhos de massa, melhoras de performance atlética e outros fatores ligados à rendimento sejam eles físicos ou não. O hormônio responsável por esse deficit mental e físico é o cortisol, que quando liberado na corrente sanguínea quando o corpo entra em fadiga extrema, seja ela pontual ou duradoura, faz o corpo trabalhar em fase catabólica (perda).


CORTISOL por definição:


Estímulos como estresse, má alimentação e cargas excessivas de treino estimulam a liberação do cortisol pelo córtex adrenal através de da glândula pituitária anterior. Na célula, este hormônio vai se ligar a seu receptor e vai afetar negativamente o RNA mensageiro ocasionando um aumento na degradação proteica ( perda de massa magra, músculo), impedindo assim qualquer tipo de ganho ou melhora hipertrófica, simplesmente sua evolução muscular para performance atlética fica estagnada. 


O RNA mensageiro carrega informações do DNA para o ribossomo, local onde ocorre a síntese proteica. É o verdadeiro molde da síntese proteica estando, dessa forma, diretamente envolvido no processo de hipertrofia muscular .


Mais sobre a influência da liberação do cortisol;
                        

Esses sintomas assemelham-se, em grande parte, àqueles causados por alterações da concentração de serotonina (responsável pelo controle da liberação de alguns hormônios e a regulação do ritmo circadiano, do humor, do sono, do apetite, da regulação da dor e da fadiga) no sistema nervoso central.


Portanto, o estresse psicológico promove uma alteração do balanço hormonal, diretamente associado ao overtraining. Essa alteração ocasiona a elevada liberação de citocinas pró-inflamatórias, responsáveis pelo aumento da concentração sérica de cortisol (considerado o hormônio do estresse) observada em atletas com overtraining.


O cortisol atua diretamente no sistema imune, prejudicando sua atuação. Algumas assessorias esportivas e técnicos já vêm oferecendo aos seus atletas esse suporte psíquico, essencial à prática esportiva e à vida.


Que saudade de escrever, feliz com minha volta ao pé da vida, agora voltamos com tudo!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Um pouco sobre música e ciência

   Caros leitores!

   Eis que não vos darei o desprazer de justificar minha ausência nos últimos dias, mas digamos que isto seja apenas uma elipse do resultado do que suspeitam alguns de meus entes. Mas, como prévia, vos digo: o que fiz surtiu e está surtindo resultados muitos, e repito, MUITOS satisfatórios.

   E assim como a cafeína assume o lugar da adenosina nas fendas neuro-sinápticas, esse banho de endorfinas que meu cérebro tem tomado por causa desses resultados me colocou em um grau de agitação indescritível, e a única forma de canalizar essa entropia mental maluca, para mim, é escrevendo no Ao Pé da Vida.

   Portanto, estou de volta. Enjoy.

   Falarei hoje de música. Na verdade, tentarei casar a concepção artística da música que temos com a concepção neuro-fisiológica.

   Hoje, a concepção artística da música é predominantemente difundida. A matéria "Música" não está nos currículos do ensino fundamental pelo fato de ser um instrumento de aprendizado científico, mas sim pelo fato de que ela é fundamental para o entendimento da cultura e da arte, não só nacionais, como  internacionais também, ainda mais com o recente processo de globalização que o mundo tem sofrido.

   Mas, ao meu ver, essa concepção artística leva o estudante do ensino fundamental a acreditar que a música é algo estritamente humano, fruto de um processo cultural que abrange toda a sociedade na qual ele está incluso. Exemplo? "Brasil, terra do samba e do futebol".

   Embora essa seja a concepção mais difundida, se nós analisarmos a questão com um olhar evolutivo, chegaremos a conclusão de que a música é uma ferramenta de linguagem, ou seja, uma língua. O uso desta língua nos mostra, por exemplo, o poder da musicalidade no ciclo de vida das aves, principalmente nos períodos de acasalamento. Uma ave macho com um canto mais robusto e sofisticado (dependendo da espécie) é selecionado pelas fêmeas como o bom pool gênico para suas proles.

   Aí vem o leitor com uma pós-graduação em cladística e diz: "Mas Gustavo, as aves não têm nada a ver com os humanos, sem ser pelo fato de partilharem um ancestral comum. Elas se diferenciaram dos répteis um tempo depois dos répteis terem se diferenciado da 'linha evolutiva' que daria origem a nós."

   Baleias e golfinhos são mamíferos, ou seja, muito próximo de nós (pois partilhamos a mesma classe) e comunicam-se através de sons, o que atrai e intriga muitos pesquisadores das áreas das ciências biológicas, humanas e exatas.

   Portanto, a música, ao longo da evolução dos hominídeos, foi perdendo espaço para o desenvolvimento da língua falada, mas não se extinguiu. Manteve-se firme ao ponto de hoje ainda conseguirmos passar para ouvintes certas sensações através da música, as quais as palavras não dariam conta de provocar.

   É extremamente intrigante (e eu tenho um leve fetiche com coisas intrigantes) o fato de que nossos corpos consigam absorver vibrações do meio, de diversas frequências, e interpretá-las em nossos lóbulos temporais sensações que despertam outras sensações, como gosto, cheiro e imagem.

   Quem nunca lembrou daquela viagem, ou daquele dia, ou de alguém, quando escutou uma música?

   E então eu digo: atribuir uma forma de linguagem que a própria evolução das espécies desenvolveu, muito antes da própria língua falada, a aspectos estritamente culturais e antropológicos é errado. Os jovens devem aprender a música de uma forma muito mais científica do que "humanizada". Como fazer isso? Eu não sei, mas julgo ser o correto a fazer.

   A música é uma ciência. Biologicamente ligada a hormônios, psicologicamente ligada a laços.

   Resgatemos então algo bom da Idade Média, período que tantos julgam ter sido de estagnação científica (apesar da ciência ter evoluído na Idade Média, antes que algum radical venha comentar, essa evolução foi exacerbadamente reprimida pela Igreja). Nesta época, a música era tratada em igualdade à geometria, astronomia e aritmética, como uma forma de entender a natureza.



   Eu, desde cedo, aprendi a tocar guitarra. Hoje, não deixei de tocar guitarra, e ainda expandi esse meu amor por instrumentos de corda aprendendo a tocar diversos outros instrumentos. Até cavaquinho eu tentei, mas esse não deu, minha mão é muito grande (apesar que tem uns caras que com 380kg conseguem tocar muito bem, então acho que isso não é uma desculpa). 

   Então, como bônus, estão aqui três vídeos, de três músicas que eu aprecio demais.

   I) Música: Breaking All Illusions 
       Banda: Dream Theater
       Álbum: Dramatic Turn of Events, 2012
       Motivo: complexidade do ritmo, polirritmia, quebra de ritmo, genialidade da composição e extremo domínio de cada instrumento por parte de cada integrante do conjunto. PS: minha banda preferida.



   II) Música: Struggle for Pleasure
        Autor: Wim Mertens
        Motivo: Nunca aprendi a tocar piano, mas ano que vem eu começo. Eu adoro músicas clássicas, e este minimalista conseguiu passar para mim uma sensação de como a vida é: começa calma e sem preocupações;  assume uma ritmo acelerado, nos trazendo escolhas e exigindo maturidade; acaba de repente. PS: Não dá pra morrer sem ouvi-la.



   III) Música: Aces High
         Banda: Iron Maiden
         Motivo: Uma música baseada na força aérea britânica durante a Segunda Guerra Mundial. A música conta com um refrão que explica genial e objetivamente a vida de um piloto durante a guerra: "Viver para Voar, Voar para viver". PS: arrepiante.

sábado, 17 de novembro de 2012

750 pernas

O Illacme plenipes é um diplópode raro, endêmico da região do condado de San Benito no estado da Califórnia, foi visto pela primeira vez em 1928 pelos cientistas Cook e Loomis do Departamento de Agricultura dos EUA, sendo o animal com mais pernas do mundo. Redescoberto em 2005 pelo pesquisador Paul Marek da Universidade do Arizona, o animal, que tem apenas 3 centímetros de comprimento, apresenta diferenças no número de pernas entre machos, que possuem o máximo de 562 pernas, enquanto as fêmeas possuem o maior número. Abaixo, você encontra um vídeo da BBC Brasil.

O pesquisador norte-americanos publicou com colegas um estudo sobre o Illacme plenipes em que detalha cientificamente este estranho animal. O estudo pode ser encontrado aqui. Sem olhos, a espécie vive em ambientes subterrâneos, entre 10 e 15 centímetros abaixo do solo e  tem seu corpo recoberto de pelos e de uma substância viscosa. Mais informações podem ser encontradas aquiaqui e aqui.
Crédito: Paul Marek

sábado, 27 de outubro de 2012

Multivitamínicos: efeitos

Será que os multivitamínicos trazem algum benefício para a nossa saúde? Um último estudo realizado por pesquisadores de Boston, EUA, traz uma relevante informação, principalmente para os norte - americanos, já que 1 em cada 3 utiliza compostos de vitaminas e sais minerais constantemente. A pesquisa, que contou com a participação de 14.641 homens, médicos maiores de 50 anos, entre os anos de 1997 e 2011, revelou que o número de casos de câncer diminuiu 8% para aqueles que usaram algum multivitamínico diariamente, se comparado ao grupo placebo.
E aqueles que já tiveram algum tipo de câncer foram os mais beneficiados. O estudo liberado no The Journal of the American Medical Association (JAMA), notou também que os multivitamínicos não tiveram nenhum efeito nos casos de câncer de próstata, que é aquele que mais atinge a população masculina dentre todos os tipos de câncer.
Entretanto, outros estudos anteriores sugerem efeitos negativos da ingestão dos multivitamínicos. Um estudo de 2010, com 10 anos de duração, divulgado no American Journal of Clinical Nutrition, com 35.000 mulheres na Suécia, com idade entre 49 e 83 anos, revelou que números de casos de câncer de mama foi 19% maior nas mulheres que ingeriram os multivitamínicos. Outro estudo, do Archives of Internal Medicine, do ano passado, com 38.000 mulheres, sugeriu um aumento de 2,4% no risco de morte, durante um período de 19 anos para as mulheres que tomaram diariamente multivitamínicos.
Enfim, a ingestão ou não de multivitamínicos ainda é um assunto polêmico. Eu considero que antes de tomar qualquer um desses compostos disponíveis no mercado, um médico deve ser consultado para avaliar se há a necessidade ou não de suplementar a alimentação com vitaminas sintéticas, pois, não se tem todos os benefícios ou malefícios dos multivitamínicos disponíveis.
O estudo do JAMA pode ser encontrado aqui. Mais informações nas notícias do The New York TimesThe Huffington PostUSA Today e na Forbes.
Wikipedia

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Erva - iBioMovies

Post curto mas super importante
Saiu mais um vídeo lá no iBioMovies, no Youtube
Esse é sobre a erva-de-passarinho, assunto esse que já tratei aqui no Aopedavida.
Visite, mas nada de trocar o Aopedavida, a ideia é que você fique fã dos dois

Erva-de-passarinho: uma erva interessante!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

iBioMovies

Pois é, o tempo passa e nosso cérebro não para de nos atormentar: produza, produza! E, como somos sensatos, obedecemos e botamos ele pra funcionar. Hoje eu, Caio Toledo, Cybelle Feijó e Dilermando Santos, todos biólogos, lançamos um projeto na rede, o iBioMovies, uma série de vídeos que trazem imagens, informações sobre vida, ciência e tudo que nos cerca. A ideia fundamental é criar um canal de qualidade para nos comunicarmos com a maior parte de amantes do conhecimento possível. Toda semana lançaremos um vídeo novo, sobre um assunto diferente. Nós estamos nos divertindo e esperamos que você também faça o mesmo. Para que nos mantenhamos sempre animados sua ajuda é essencial, se você gostar do vídeo e do projeto curta-o no youtube, inscreva-se no canal iBioMovies, compartilhe com seus colegas no Facebook e curta nossa fanpage, faça comentários, visite nosso blog. Todos eles já estão cadastrados, é só procurar. Todas as sugestões são muito bem-vindas, nós queremos é que você ajude nosso projeto a crescer e ficar cada vez melhor.

O vídeo de estreia é sobre as Lagostas, esses grandes artrópodes, parentes próximos das aranhas e taturanas, que adotam uma cor vermelha linda depois de cozidos. Aproveite
 
 
O negócio é mesmo diversificar, eu continuarei aqui no Aopedavida, esse é meu xodó, e de várias outras pessoas também. Quanto mais eu expando meu conhecimento mais feliz eu me sinto. Isso não é ótimo?

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Lactato Sanguíneo: Vilão ou mocinho da atividade física intensa?

Durante o exercício intenso o desenvolvimento da "queimadura" no músculo, referida como a acidose, tem sido tradicionalmente explicada como um aumento na produção pelo corpo de ácido lático. Este "ácido lático" causa a acidose, referido como "acidose lática". A causa da acidose durante o exercício intenso tem sido um tema importante de discussão e debate com profissionais qualificados das áreas de saúde e rendimento esportivo. 
Muito se fala sobre vias metabólicas para produção de energia, (SISTEMA ATP-CP, SISTEMA GLICOLÍTICO E SISTEMA AERÓBIO) todos eles atuam em determinado estágio de um exercício físico, seja ele intenso ou moderado.
Dentro das atividades físicas de intensidade alta e curta duração (45 - 90 segundos), temos a produção de LACTATO no sangue pelo sistema glicolítico, anteriormente sob nomenclatura de ÁCIDO LÁTICO
Quer saber mais? Acesse aqui.



               


Por que (o VILÃO) antes chamado de ÁCIDO LÁTICO é denominado agora (o MOCINHO) LACTATO


Estudos comprovam que o ácido lático que era produzido seria o causador da fadiga muscular tardia ou não, ou seja, era feito um exercício intenso, colhia-se o sangue do indivíduo testado e chegava-se à conclusão que o ácido lático era indicador do desgaste e limitador de trabalho muscular, hoje através de muito estudo sabemos que é exatamente o contrário, o lactato é produzido, absorvido e reutilizado como substrato energético. Para maiores esclarecimentos veja aqui


Tendo como base esse estudo de Len Kravitz para o American Journal of Physiology, durante as demandas de exercícios de alta intensidade, a célula está utilizando uma grande quantidade de glicose (através da glicólise) e glicogênio muscular (forma armazenada de glicose). O processo final de degradação da glicose resulta na produção de duas moléculas de piruvato. As moléculas de piruvato começam a acumular-se na célula, bem como os prótons (a partir da divisão de ATP), a partir do exercício intenso. A fim de neutralizar a acumulação crescente de piruvato e de prótons (a partir da divisão de ATP), cada molécula de piruvato absorve dois prótons para a sua estrutura, fazendo a conversão de lactato. Assim, a produção de lactato é efetivamente uma consequência da acidose celular e não a causa da acidosePra resumir, a produção de lactato, na verdade, retarda a acidose. O lactato é um "neutralizador" temporário ou "tampão" para o acumulo de células elevado de prótons durante exercícios de alta intensidade. Como o aumento na produção de lactato coincide com acidose, medição do lactato é um excelente marcador "indireto" para a condição metabólica da célula. Produção de lactato é, portanto, bom e não ruim para contrair músculo. Lactato não é uma molécula ruim, e foi dado uma má reputação de ser falsamente a causa da acidose. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Cérebro: alimento de amebas

Amebas matam 10 pessoas no Paquistão
Como pode ser visto na notícia acima, do Jornal The Guardian, a ameba Naegleria fowleri, da superclasse dos rizópodas, matou 10 pessoas no Paquistão conforme a autoridade da Organização Mundial da Saúde no país.
Esse parasita causa uma doença chamada Meningoencefalite Amebiana Primária (MAP ou PAM), que mata rapidamente o indivíduo que contraiu a ameba. A contaminação acontece em ambientes de água quente, como lagoas e represas, por exemplo, sendo que as amebas penetram no humano por via nasal, atingindo assim, o cérebro. Mais informações sobre a Naegleria fowleri podem ser encontradas aqui (site do CDC, centro do governo dos EUA sobre doenças) e aqui (um artigo de um pesquisador da Universidade de Stanford)
Foto de microscópio da ameba - CDC

Pesquisadores do Instituto de Física da USP de São Carlos desenvolvem uma pesquisa com uma variante da ameba, menos arriscada para o manuseio, com enfoque para o entendimento de um determinado aminoácido nas proteínas da ameba. Informações aqui.
Achei um vídeo legal sobre essa ameba no site do Animal Planet, você pode acessá-lo aqui (texto aqui).
Fases de vida da Naegleria fowleri - Wikipedia

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Leite Hipoalergênico: Natural

Pesquisadores da Nova Zelândia conseguiram modificar geneticamente vacas para que elas produzissem leite hipoalergênico. Especificamente, os cientistas conseguiram inibir em 96% a produção da proteína beta-lactoglobulina, presente no leite dos animais placentários (exceto no leite humano e no leite das camelas) que causa alergia a várias crianças, principalmente. No entanto, os níveis de outras proteínas não foram diminuídos, mantendo o alto valor proteico do leite. 
Estrutura da beta-lactoglobulina (Wikipedia)

Os pesquisadores da AgResearch  e da Universidade Waikato and Agresearch of Hamilton conseguiram utilizar fragmentos de RNA para silenciar os genes responsáveis pela produção da proteínas alergênica, numa técnica inovadora, chamada de "RNA interference" (RNAi). 
Mais informações aquiaquiaqui e aqui.
Vaca leiteira (Wikipedia)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

HIV e uma noite sem sono

   Exatas duas horas da manhã, do dia 02 de outubro, precisando acordar às 6:30 da manhã, estou acordado. Meu cérebro tá de brincadeira comigo hoje. Nem injetando melatonina eu vou dormir. Sério.

   Motivo? Não sei, mas hoje eu li uma coluna de um periódico científico que me intrigou muito, mais do que o comum. A coluna tratava da AIDS e afirmava - com um preventivo tom de dúvida - que já houve casos de cura total da infecção, e que novos fármacos já foram testados e podem vir ao mercado para o tratamento e prevenção da doença.

   Então. Os mais comprometidos cientistas, futuros cientistas ou seja lá o que ou quem for, que leem com frequência a literatura científica, já ouviram falar do caso "Timothy Brown".

   Brown foi - não concordo com o tempo verbal - soropositivo, e seus médicos, assim como Françoise Barré-Sinoussi (Nobel de Medicina e Fisiologia de 2008) afirmam que erradicaram a doença com transplante de células-tronco retiradas da medula óssea de indivíduos resistentes ao vírus HIV.

   A terapêutica, tanto na teoria quanto na prática, é válida, afinal, o uso de células-tronco de um indivíduo resistente ao vírus dará origem a células-mãe linfoides que se diferenciarão em Linfócitos T (do grupo CD4+ Helpers) resistentes à infecção, proporcionando imunidade ao infectado, que estará concomitantemente sendo administrado com o coquetel anti-HIV.

   Acontece que - justificando a minha não concordância com o tempo verbal - outros soropositivos já foram sim tratados com o mesmo processo de transplante de células-tronco, e não obtiveram resultados sequer semelhantes, e isso acaba gerando dúvidas, as quais nos permitem incluir Brown em duas categorias: ou como sendo um falso positivo, e a popularidade que a mídia lhe proporcionou o ajudou a dobrar as sequelas dos preconceitos da população para com sua "doença", (que ele por muito acreditou ter e provavelmente alertou seus parceiros sexuais) possibilitando a ele uma vida relativamente normal; ou como sendo um caso à parte.

   Assim, vocês podem tirar suas conclusões, e eu desejo muito vê-las nos comentários, mas antes, deem uma olhada no site que ele fez, e no seu slogan: http://timothyrbrown.com/. Na minha singela opinião, acredito que a terapêutica utilizada pode ser eficiente, só que com probabilidades baixas, dependendo de fatores genéticos. Mas, na possível possibilidade de cura, ele (Brown) se vangloriou com o feito, e desfrutou disso de uma forma que o aliviasse da pressão social que o soropositivo hoje sofre, em todo o mundo.

Timothy Brown

   Foi bonito, de certa forma, a maneira como ele utilizou o acontecido, fomentando as pesquisas de cura para doenças incuráveis hoje em dia, pedindo doações e tudo mais. Mas depois de ver as fotos que ele tirou de si mesmo, com pose e tudo mais, me fez pensar mais um pouco no egocentrismo escondido por trás de suas palavras.

   Bom. Mas, acima de tudo, acredito no avanço dos estudos de alguns fármacos que podem ser adicionados no coquetel anti-HIV.

   Um destes fármacos é o vorinostate, utilizados em humanos para o tratamento de câncer - hilário como as drogas utilizadas no tratamento de cânceres acabam por ser utilizadas na terapêutica de outras doenças, vide ESTE post sobre o bexaroteno e o Alzheimer - e atua de forma bem peculiar.

   O vírus HIV é um retrovírus que utiliza o metabolismo das células de defesa (denominadas Linfócitos T CD4 Helpers) como geradores de outros vírus, por um ciclo reprodutivo furtivo denominado ciclo lisogênico. Este ciclo se caracteriza da seguinte maneira: o vírus ataca as células T, injeta o seu material genético (RNA) e através de uma enzima específica, denominada transcriptase reversa, produz, por meio do metabolismo da célula hospedeira, uma molécula de DNA que fornecerá as informações para a sintetização de novos vírus. Este DNA se unirá ao DNA celular, e depois de um tempo, a célula T hospedeira sofrerá lise, liberando assim vários novos vírus para a corrente sanguínea, prontos para atacarem novas células T.

   Esses novos vírus nem sempre parasitarão outras células T. Muitos deles se mantêm escondidos nestas células de defesa, o que torna difícil a detecção da infecção, dando origem aos usuais e desoladores casos de "falso negativo", que comprometem a saúde dos soropositivos.

   Mas, este novo fármaco, o vorinostate, é capaz de "desentocar" esses vírus escondidos, que serão eliminados pelo coquetel anti-HIV.

   Assim, teremos uma forma eficiente de trazer, de forma definitiva, a palavra "cura" para os quadros de infecção por HIV.

   E tem mais. Parceiros sexuais de soropositivos agora têm mais uma arma contra a infecção, podendo preveni-la  com o uso de um fármaco já conhecido pelos portadores de HIV, o Truvada (emtricitabina + tenofovir). Este medicamento foi laureado com aprovação da FDA (agência que controla a comercialização de alimentos e remédio nos EUA) para ser um preventivo da infecção, se usado diariamente, tendo êxito em 75% dos casos de possível infecção por HIV. Os outros 25% devem ser cobertos pelo uso de outros métodos, como o uso da camisinha.


Representação artística do vírus HIV

"A AIDS nos faz iguais"

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

60.000 Visualizações! Cacildis

E não é que o Aopedavida atingiu esse número tão grande de visualizações. To feliz da vida. Temos vários novos colaboradores e um oceano de novas possibilidades, tanto de novos assuntos quanto de estilos de escrita. Até em rede nacional o Aopedavida já foi divulgado, vide a reportagem lá no final da página. Enfim, se você gosta do blog divulgue, coloque nos favoritos, compartilhe no facebook, no twiter, e em qualquer outra rede social que você conheça, isso ajuda o blog a ter cada vez mais evidência o que leva as informações para mais e mais pessoas. E divulgação de coisa boa nunca é demais. Obrigado

sábado, 22 de setembro de 2012

Gordura Noturna

Querendo perder peso? Coma seus carboidratos a noite
Começo este post colocando um outro que bate de frente com uma das frases mais comentadas na nossa sociedade, essa que dá cada vez mais importância para o acúmulo de gordura, seja por fins estéticos, seja pelos de saúde: Comer a noite engorda! Primeiro que devemos deixar essa afirmação mais precisa, existe uma corrente de pensamento que diz que: não importa que você ingira a mesma quantidade calórica que outra pessoa que tem o mesmo nível de atividade física que você, se você ingerir a maior parte das suas calorias a noite, e a outra pessoa ingerí-las antes da noite, você acumulará mais tecido gorduroso do que ela. Esse é um assunto que ainda vai dar muito o que falar, ainda mais porque o mundo se encaminha para virar o do filme Wall-E, no qual a população é gorda e vive sendo transportada por navinhas. Depois de muito pesquisar, em fontes de todos os tipos, revistas científicas, blogs de peer-review, revistas de variedade semanais, revistas que se dizem científicas, cheguei a minha conclusão: pode até ser que isso seja verdade, mas até hoje ninguém conseguiu demonstrar com argumentos suficientemente convincentes a tese, e mais! o contrário, o de que não importa a hora do dia em que você faz a sua refeição, e sim o quanto você come e o quanto você gasta é que vão interferir no seu acúmulo de gordura é bem mais fundamentado. Comer a noite, pelo simples fato de ser noite, NÃO engorda. Pelo menos essa é a verdade atual.


A razão para esse post veio a minha cabeça na segunda passada, quando começamos, eu e mais outros professores, a discutir o assunto. Como ele é controvertido, e existe esse mito pairando pela sociedade, vários deles defenderam ferreamente a tese do "comer a noite engorda", e eu fiquei lá, de louco, dizendo que já tinha lido sobre o assunto e que não concordava, mas não consegui explicar os meus argumentos. O principal argumento posto no dia é de que o nosso metabolismo (o conjunto de reações químicas que possibilita a existência de um ser vivo) é diferente durante o período do sono quando comparado com a vigília (o período em que estamos acordados). Isso é um fato, realmente nossas taxas metabólicas são menores durante o sono; e de que os níveis de insulina e de outros hormônios ligados com o metabolismo de açucares e gorduras também são diferentes a noite, outro fato. Assim que comemos temos uma liberação hormonal própria da situação, e depois de comer modificamos essa situação a fim de permitirmos que nossas células tenham o acesso facilitado aos nutrientes que acabamos de ingerir. Assim eles disseram que se comêssemos a noite acumularíamos mais tecido gorduroso.


Fato é que, se pensarmos em relação a balança ingestão de calorias X  gasto calórico, só engordaremos se ingerirmos mais caloria do que gastamos, independente da hora que fizermos essa ingestão. Agora, a noite, por estarmos em casa ao lado da geladeira, podemos ter uma tendência maior a comer mais do que deveríamos (e ai sim podemos ingerir calorias demais, e engordar). Outra questão é a de que deveríamos (perceba o tempo verbal) fazer nossa última grande refeição três horas antes de dormirmos, para que pudéssemos completar um ciclo hormonal completo, para termos um sono mais saudável, dormir melhor sem tantas interrupções noturnas. Mas isso não tem relação direta com o acúmulo da terrível "gordura noturna" essa fantasiosa maldição que nunca mais vai embora se se instalar. O assunto todo é tão interessante que podemos até fazer um approach levando em consideração nossos ancestrais recentes não tecnológicos, para os "homens das cavernas" seria natural comer a noite, já que de dia eles estariam caçando e não teriam tempo para parar e cozinhar a carne, por exemplo. Era a noite que o homem acendia sua fogueira, fazia uma bela de uma refeição, rica em gordura, e trocava as experiências com seus companheiros, dando início, assim, a nossa bela tradição de mantermos vivo o conhecimento e nos aprimorarmos cada vez mais quanto mais conhecemos.


Aqui, um ótimo exemplo de como uma revista pode exagerar a respeito de um fato e trazer um assunto bastante controvertido como se fosse uma verdade absoluta, e reparem como o texto diz:  "Conclusão: por algum motivo, comer à noite engorda mais...". Quer dizer, dane-se se tem explicação ou não. Aqui um outro exemplo, que foi copiado e colado da EFE para o UOL, sem nenhum tipo de discussão posterior.
Aqui você vê um raro exemplo de uma reportagem que diz para você estudar e tirar suas conclusões.
Aqui e aqui textos e referências que vão de encontro com o que eu estou defendendo no post
Aqui você acessa o principal texto recente defendendo o "comer a noite engorda", mas note que ele é feito com camundongos que, por mais que sejam utilizados como modelos de fisiologia humana não podem ser comparados a estudos feitos com humanos que mostram o oposto, como o artigo discutido lá em cima, no link introdutório. Aqui um vídeo de um professor falando sobre o mesmo tema.
E aqui, pra terminar, um exemplo muito doido de um "cara do fitness" super coerente e realmente interessado em procurar as melhores alternativas para responder as suas perguntas. Mas em hipótese alguma indico o livro dele, nem conheço o cidadão, só gostei do texto.

Rato e Tumor


Milho geneticamente modificado ligado a tumor baseado em fraca ciência
A última dessa semana foi mostrar ratos velhos e gordos, cheios de tumores gigantes, brotando de todos os lados, e associar isso diretamente ao consumo de alimentos geneticamente modificados (GM). Horríveis e desnecessárias as fotos divulgadas, ainda mais sabendo que esse estudo tem uma chance imensa de ser mais uma obra política econômica que realmente científica. Não estou dizendo que a ciência não é política, é sim!, mas quando ela segue padrões decentes de metodologia. Ao que parece, o grupo que publicou os resultados é um ferrenho contrapositor dos "diabólicos" alimentos GM. E a metodologia usada é passível de muita crítica, pleo tipo de rato usado (mais propensos a desenvolver tumores), pela idade deles (são velhos) e até pelo número de indivíduos utilizados nos diferentes grupos estudados. Mas basta que qualquer notícia chocante sobre GMs seja divulgada que uma onda de morte aos GMs vem assolar as discussões na internet mais sem sentido possíveis, as pessoas tendem a atacar com unhas e dentes o que elas não conseguem entender. Ainda existe muito a se conhecer sobre esses alimentos, pode ser que eles tragam desvantagens (como tudo), mas expor ratinhos tumorentos para enojar as pessoas é um método bastante deselegante. Já falei bastante sobre alimentos transgênicos, você pode ver aqui, um que fala sobre os microRNAs e outro aqui, que fala sobre a falaciosa dualidade entre transgênicos e orgânicos. E volto a mesma ladainha, pesquise os dados em diversas fontes, pode ter certeza que tem pessoas sérias que pensam diferente do que é exposto cronicamente na mídia.

PS: aqui mais um texto falando sobre o fato, e este está em português
PS 2: aqui mais um texto sobre a "doença do deficit jornalísitco", essa foi indicada pelo André Boldrin, de novo ele indicando coisa boa.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Até onde as células-tronco vão


"Stem-cells are the fuel for Neoplasic Tissue" - Nature

   É o seguinte: três resultados de estudos, compatíveis e coerentes, acabaram de ser publicados em dois periódicos científicos de grande prestígio no âmbito internacional, a  Science e a Nature. Tais resultados apontam a presença de uma subpopulação de células (que compõe de 5% a 10% das células totais) no cerne das neoplasias (cânceres). As células desta subpopulação divergem em vários aspectos das outras células que compõe o tecido neoplásico.

   As células dessa subpopulação podem ser células-tronco.

   Assunto extremamente polêmico, mas faz sentido.

   O tumor, já metastático, tem a capacidade de disseminar suas células através da corrente sanguínea, e estas têm a capacidade de se "fixar" em quaisquer outros tipos de tecidos. Tal capacidade pode ser bem explicada pela totipotência das células-tronco, a qual permite a diferenciação celular de células cancerosas e consequentemente a sua não rejeição nos outros tecidos saudáveis do organismo.

   Os resultados apontam, então, que as células que alimentam e norteiam os tecidos neoplásicos são, com uma certeza de 4σ, células-tronco, e se for definitivamente comprovado, haverá uma mudança radical nos paradigmas que envolvem o tratamento do câncer, abrindo um leque de possibilidades nas tentativas de cura com fármacos que não foquem apenas o crescimento do câncer, mas sim o que faz ele crescer.

   E vale frisar que os tecidos neoplásicos testados nos experimentos foram de glioblastomas (no cérebro), melanomas (na pele) e adenomas (nos intestinos), e apesar de suas características divergirem muito, há a possibilidade de outros tipos de cânceres se comportem de maneira diferente, ou mesmo não apresentarem essa subpopulação de células, que digamos, são candidatas a células-tronco.

Imagem, retirada do link acima do post, na página virtual do periódico Nature.

  • Na imagem, o tecido neoplásico de um melanoma mostra células em vermelho, que podem ser todas oriundas de uma única célula-tronco.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Afídeos

Encontradas Primeiras Evidências de Fotossíntese em Insetos
Para começar, o que são afídeos? São pulgões que pertencem a superfamília Aphidoidea e são verdadeiras pragas para a agricultura. São animais excêntricos, pois podem já nascer "grávidos" ou sem boca, entretanto, o que chama mais atenção foi descoberto há pouco tempo: os afídeos podem realizar algo como fotossíntese devido a presença de carotenoides. Sim, animais que realizam algo similar ao metabolismo energético que ocorre em plantas, algas, cianobactérias...
Pesquisadores do Instituto Sophia de Agrobiotecnologia em Sophia Antipolis, na França publicaram na revista Nature um estudo que sugere o processo análogo a fotossíntese com esses insetos que ficam verdes em temperaturas baixas, alaranjados quando em temperatura ideal e brancos em situações em que os recursos são limitados. Para mais detalhes, aqui o trabalho publicado na Nature.
Afídeo em imagem de microscópio eletrônico de varredura

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Papo Cabeça

   9:59 da manhã...

Acordei, nesta sexta de feriado, mais cedo do que eu desejava, ou mesmo merecia. Mas, pensei no lado bom, afinal, qual dia melhor para escrever para o Ao Pé da Vida?
Ótimo. Liguei meu computador com um certo entusiasmo, bom, entusiasmo até o momento em que cliquei em 'Nova Postagem', me deparando, assim, com um borrão branco no meu monitor...
 
   - Verdade. Vou escrever sobre o que?... é, eu não faço ideia.

Precisava pensar. Dizem por aí que se jogar uma bolinha na parede por um tempo, as ideias vêm. Foi o que eu fiz. Surrupiei a bolinha toda babada do meu cachorro, já que a minha "bolinha do pensar" estava meio longe, cerca de uns 2 metros quase, encaixada na minha caneca do Darth Vader. Joguei a bolinha algumas vezes na parede, contudo, em nada deu. Nenhuma ideia veio à minha cabeça, e ainda tive que levantar para limpar toda a baba das minhas mãos.

Aproveitando o embalo... pensei:

   - Por que eu não vou ao parque? Ver um pouco de verde nesse cubo de concreto que é a cidade pode ser bom pra mim...

   12:00, vulgo "meio-dia"...

Cheguei ao parque. O ar era nitidamente diferente. Podia ser que as ideias começassem a fluir. Realmente acreditei nisso, e andando um pouco, vi um senhor sentado em um banco. Barbas longas, olhos azuis e uma expressão de naturalista conservador inconfundível.

Era o Darwin.

Mas não poderia ser, Charles Darwin, Darwin, Darwinzinho, o cara está morto, e eu sabia disso. Mesmo assim, eu sentei ao seu lado, e comecei...

   - Charles Darwin, não é?
   - Charles Macaco Darwin, não se esqueça de nossas origens meu rapaz! - respondeu o velho.
   - Ah, mas o homem não veio do macaco, só partilha um descendente com ele.
   - E você vai vir explicar isso para mim? Não obstante disso, ainda vai me olhar com essa expressão de espanto?
   - Desculpe, é que achei que o senhor estivesse morto. Sou bem realista ao ponto de saber que ninguém vive mais de duzentos anos, porém, é bom encontrá-lo aqui, preciso de ajuda...
   - O que foi, rapaz?
   - Sabe, eu escrevo textos sobre ciência em um blog, e preciso de ideias...
   - Por que não escreve sobre minha Teoria da Evolução?
   - Já escrevi.
   - Hum... sobre medicina?
   - Ah, nada de mais aconteceu pra eu contar.
   - ... sobre Física?
   - Acho que o pessoal do blog não gosta muito de física, dá pra ver pelo número de visualizações dos meus posts de física, quando comparados aos outros.
   - Política?
   - Ah, nem me fale! Ontem mesmo eu ouvi na TV a Dilma falar mal, pra variar, das privatizações do governo FHC, e depois puxou o saco do Lula. Será que ela esqueceu que ele privatizou três dos maiores aeroportos do Brasil? É, melhor eu não falar sobre política...
   - Filosofia então? Meu rapaz, você não sabe como filosofar faz bem...
   - Bem? Poxa, Darwin... nos últimos anos da vida de Sócrates...
   - É, eu sei, meu rapaz. O pobre coitado ficava nu questionando as pessoas sobre tudo, e depois foi condenado à morte... então, fale sobre química! Pronto, química eu sei que você deve gostar!
   - É, eu gosto de química, mas não sei o que escrever sobre isto, dessa vez.
   - Então acho que eu não posso ajudá-lo, meu rapaz.
   - Pois é, se nem você conseguiu me ajudar, melhor eu não escrever nada...

...
...
...

   - Darwin!?

Ele havia sumido. Ou será que ele nem ali esteve? Eu tinha acabado de ler "Salud Mental En Medicina", de Héctor A. Ferrari, que minha avó gentilmente trouxe de Buenos Aires, quando foi comemorar suas bodas com meu avô... bodas de ouro? Pedra? Urânio? Sei lá, nem me perguntem. Mas acho que o livro entrou na minha cabeça de verdade, talvez deva me preocupar mais com minha sanidade. Mas essa conversa com Darwin me rendeu uma ideia...

Escrever sobre ela.


Quase cobro dele meu XBOX360 que não veio no natal passado...
Mas daí eu vi que era o Darwin.
 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pequeno Imortal


 O tardígrado ou também chamado urso d´água pertence a um Filo próprio: o Tardigrada, com uma certa semelhança com a  classe das aranhas, tem um tamanho reduzido (0.5 mm a 1,25mm), possui oito patas, cada uma com quatro a oito pequenas garras,este costuma viver entre musgos e líquens e são fortemente pigmentados.  Este ser é recoberto de quitina, possui sistema digestório, alimenta do conteúdo celular de bactérias ou algas, mas não aparelho respiratório, as trocas gasosas são feitas aleatoriamente com qualquer parte do corpo. São encontrados em todo o planeta inclusive em áreas  inóspitas, como a Antártica.

 Ao primeiro contato, o tardígrado parece ser apenas um animal comum, mas seu metabolismo extraordinário tornou este pequeno um ser inigualável. Suas principais característica são a longevidade e resistência, pode chegar a viver 120 ano, um tempo considerável para um animal de seu tamanho,além disso tem a capacidade de "desligar" seu metabolismo em condições adversas (como em um intenso inverno ou seca), mas sua principal e espetacular habilidade é a capacidade de reparar o DNA de danos radioativos.

 Este pequenino pode suportar uma pressão de 75 mil, dezenas de vezes maior que a enfrentada por seres das zonas abissais. Podem aguentar por alguns minutos uma temperatura de 200ºC e ainda suportam uma radiação de 5700 grays (um ser humano morre ao ser exposto a 100 grays). Algumas experiências foram feitas com esse ser em laboratórios de Universidades Americanas, ele foi congelado a -271ºC e reanimado com apenas uma gota d´água.O tardígrado provou ser completamente diferente da vida presente em nosso planeta, até parecendo ser extraterrestre! 

sábado, 18 de agosto de 2012

Vida com arsênio!?

   Primeiramente, quero agradecer pelo retorno do nosso digníssimo professor Vinícius. Sua proeza de sumir repentinamente foi tamanha que devo equipará-la com a capacidade de se esconder do Bóson de Higgs. Mas ele está de volta! Obrigado Professor!

   E bem vindo aos novos leitores do Ao Pé da Vida.

   Sigamos.

   Há um bom tempo atrás, saiu na literatura da comunidade científica um artigo sobre a descoberta de uma bactéria capaz de quebrar as regras do que conhecemos hoje como vida. Basicamente, em um ser vivo, os integrantes da tabela periódica que são indubitavelmente essenciais são o carbono, nitrogênio, oxigênio, enxofre, fósforo e hidrogênio.

   Pois bem, tal bactéria, a GFAJ-1, tinha, segundo os pesquisadores, a capacidade de substituir em suas estruturas o elemento fósforo ("P" - família VA) por outro eletricamente semelhante, o Arsênio, da mesma família. Entretanto, o arsênio, na concentração encontrada no lago Mono (habitat das tais bactérias, na Califórnia, EUA) é letal para a vida (letal para os humanos? Vide "Influência do Arsênio em Humanos", no fim do post), e como esse ser tão primitivo teria a capacidade de substituir o fósforo, um elemento extremamente importante que está presente em todo material genético, nos ATPs, nas membranas celulares, por um elemento altamente tóxico?

   Para a comunidade científica, isso foi um espanto. Assim como a polêmica dos neutrinos abalou uma das principais (senão a principal) teorias da física moderna, essa descoberta, se devidamente provada, derrubaria os pilares que sustentam o nosso conhecimento sobre a vida, podendo até nos levar a cogitar, ceticamente falando, a possibilidade de vida fora da Terra.

   Tão sucesso fez, que uma grande revista de publicações científicas, a Science, resolveu publicar os resultados dessa pesquisa, dizendo, como a autora da pesquisa alegava, que a GFAJ-1 utilizava o arsênio no desenvolvimento celular e o incorporava ao seu material genético.

   Acontece que, na comunidade científica, obviamente, o empirismo e o ceticismo estão sempre à tona, fazendo com que o nosso hemisfério esquerdo do cérebro não aceite tão facilmente esses, digamos, resultados. Portanto, a autora do polêmico artigo respondeu a inúmeras cartas de críticas e questionamentos, sempre alegando o mesmo, porém, dizendo que as amostras das bactérias estavam levemente contaminadas com fósforo.

   Eis então, que grandes cientistas "duvidões" começaram a trabalhar com a GFAJ-1, e os resultados foram o seguinte:
   
      1º) A GFAJ-1 precisa sim de fósforo para o seu desenvolvimento, e na ausência deste, ela não se desenvolve e morre, portanto, não o substitui pelo arsênio. O que acontece é que ela tem a capacidade de sobreviver com pouca disponibilidade de fósforo, o que poderia ter gerado o desentendimento da autora.
   
      2º) A GFAJ-1 também não incorpora o arsênio ao seu material genético, como a autora havia alegado.

   E a prestigiosa Science publica estes resultados, refutando a pesquisa, e consequentemente sua própria divulgação anterior. Enfim, a GFAJ-1 não rompe com os dogmas da vida.

   Mas surge então um novo problema. A divulgação científica. Quando é correto divulgarmos uma pesquisa? Se partimos da premissa maior da doutrina agnóstica sobre verdade absoluta, nunca divulgaremos mais ciência, pois tudo poderá ser refutado, desde que surja uma teoria mais bem desenvolvida e que abranja, sem exceções, todo o requerido.

   Por isso precisamos de uma teoria do tudo, assim como Einstein desejava.

Influência do Arsênio em Humanos: para os loucos sobre os problemas do corpo humano, vou explicar como é a possível influência do arsênio no caso de uma intoxicação humana.
Primeiramente, como eu disse, o arsênio é um elemento eletricamente semelhante ao fósforo, ou seja, é trivalente. Portanto, o arsênio pode afetar várias funções metabólicas, como a fosforilação oxidativa, competindo com o fósforo durante a síntese de ATP. O arsênio também pode inibir a respiração mitocondrial em vários pontos, como na intervenção da conversão do ácido pirúvico em Acetil-CoA, reagindo com o ácido lipóico. Como se sabe, a Acetil-CoA é um composto intermédio chave (com seu cofator) de extrema importância no processo metabólico da respiração mitocondrial, dando início ao ciclo de Krebs. Algo curioso de se notar em pacientes com intoxicação por arsênio são as linhas de Mee's nas unhas, pela deposição do metal nesta região, juntamente dos cabelos e da pele.

PS: Tentei escanear uma foto das raras linhas de Mee's de um de meus livros. Sem êxito. Desculpem.

                                                        (Esta é a dita cuja)

Bem-vindo

Pode ser que hoje seja a primeira vez que você está entrando no Aopedavida, seja muito bem-vindo. Nessa semana fui convidado pela jornalista Juliana Duarte, da rádio CBN, a dar uma pequena entrevista para contar sobre o blog. Ela será daqui a pouco, estou aqui nos minutos que antecedem a mesma, com um certo nervoso mas, ao mesmo tempo, achando tudo muito divertido. Quando eu criei o blog o intuito era esse mesmo, de que várias pessoas pudessem conhecê-lo e saber um pouco mais da Ciência, essa maravilhosa ferramenta da humanidade que faz com que consigamos entender um pouco mais dessa doidera que reside a nossa volta, e dentro da gente também, e em lugares que nem as pessoas mais imaginativas conseguem imaginar. Para ilustrar o que de bom você pode encontrar no Aopedavida segue um trecho de um livro do Carl Sagan, Sombras dos Antepassados Esquecidos, que mostra um pouquinho de como o que nos cerca pode ser fantástico, sem precisarmos nos desligar do que já existe de fato:



"A escuridão imensa e arrebatadora é quebrada aqui e ali por um débil ponto luminoso que, observado de mais perto, se revela um poderoso sol incandescente num incêndio termonuclear e aquece um pequeno volume do espaço à sua volta. O universo resume-se quase só a um vazio negro e, contudo, o número de sóis existentes é espantoso. As regiões na vizinhança imediata desses sóis representam uma fração mínima da vastidão do cosmos, mas muitas - talvez a maioria dessas alegres, brilhantes e clementes regiões circum-estelares - são, provavelmente, ocupadas por mundos. Só na galáxia da Via Láctea deve haver 100 mil milhões de mundos, nem demasiado próximos, nem demasiado distantes do sol local, à volta do qual orbitam em silenciosa homenagem gravitacional.
Esta é a história de um desses mundos, talvez não muito diferente dos outros; é sobretudo a história dos seres que nele evoluíram e, de entre esses, de uma espécie em particular.   Para estar vivo milhões de anos após a origem da vida, um ser tem de ser resistente, engenhoso e afortunado, a fim de escapar aos muitos perigos que surgem pelo caminho. As formas de vida podem, por exemplo, vingar por serem pacientes ou vorazes, solitárias e camufladas ou pródigas em descendentes, predadoras temíveis ou capazes de fugir para um lugar seguro, nadadoras ou escavadoras de tocas ágeis, desembaraçadas na libertação de líquidos nocivos e desorientadores ou mestras na arte de se infiltrarem no próprio material genético de outros seres, ou então por se encontrarem, casualmente, num local distante quando os predadores atacam, o rio fica envenenado ou os recursos alimentares escasseiam. Os seres em que estamos especialmente interessados eram, até há não muito tempo, extremamente gregários, barulhentos, belicosos, arborícolas, autoritários, sensuais e espertos, utilizavam ferramentas, tinham uma infância prolongada e mostravam afeto pelos filhos. Uma coisa levou à outra e, num abrir e fechar de olhos, os seus descendentes multiplicaram-se por todo o planeta, dizimaram os rivais, inventaram tecnologias que transformariam o mundo e representariam um perigo mortal para si próprios e para muitos dos seres com quem partilhavam a sua pequena casa. Simultaneamente, começaram a visitar os planetas e as estrelas."

 Aproveite todo o material disponível no blog, é só você fazer a procura ai na barra a direita. Se achar algum link rompido, ou quiser falar um pouco do que você pensa, pode usar o espaço dos comentários com toda liberdade. Voltarei a escrever com frequência no blog, mas meus colaboradores, o Gustavo, o Rodrigo e o Vitor estão fazendo a minha alegria mantendo o blog com postagens frequentes. A minha ideia é que o Aopedavida continue vivo mesmo depois da minha morte. Seria maravilhoso, um pouco de mim ainda ficaria vivo na internet, tudo que escrevi aqui faz parte ou já fez parte de mim. O máximo de escrever é deixar um pouco da sua essência registrada em ideias, e as ideias duram muito mais do que seu corpo físico. Divulgue suas ideias para o mundo! E acesse o Aopedavida! Obrigado.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Evolução: sexo, ciúmes e monogamia

   Pode-se dizer que uma das coisas mais intrigantes de se fazer, quando se tenta entender o comportamento da sociedade na qual estamos inseridos, é olhar ao redor com um olhar evolutivo.
  
   Coisas frívolas do cotidiano, as relações entre as pessoas, o comportamento do homem em sociedade. É, tudo. Tudo pode ser explicado pela Teoria Darwinista da Evolução.
  
   Nos primórdios da vida, os primeiros coacervados tornaram-se, por pressão seletiva do meio e por uma complexidade bioquímica, os primeiros seres vivos procarióticos que habitaram a Terra. Estes seres estão presentes até hoje, e mostraram, ao longo da evolução, uma enorme capacidade adaptativa. As archeas, por exemplo, são bactérias que podem viver desde em regiões vulcânicas, de solo salino e com extremas temperaturas, às regiões mais frias do globo, submetidas a altíssimas pressões.

   Sua reprodução é assexuada, por uma simples divisão equacional de seu material genético. Mesmo sendo um processo simples, isso ocorre a mais de 3 bilhões de anos, o que mostra a eficiência deste tipo de reprodução. Porém, ao longo da evolução, surgiram outros tipos de reprodução, incluindo a que envolve dois sexos, conhecida como sexuada.

   Cogitar o fato de que os seres mais complexos, como nós, mamíferos, são fruto de uma evolução que priorizou a reprodução sexuada é intrigante. Primeiramente, na natureza há casos de partenogênese (tipo de reprodução na qual a prole é oriunda do desenvolvimento de uma célula haploide, sem necessidade de parceiro ou fecundação) o que, logicamente, nos leva a crer que há uma vantagem em questões de velocidade de reprodução para organismos que realizam esse tipo de reprodução. Contudo, na natureza, quantidade não é equivalente à qualidade.

   Darwin cogitou e questionou a existência de sexos diferentes de modo semelhante, e ao aperfeiçoar sua teoria evolutiva, concluiu que uma das vantagens da escolha de parceiros sexuais é a possibilidade de escolher o melhor fenótipo para sua prole, garantindo força e robustez.

   Claro que Darwin não tinha o conhecimento que detemos hoje sobre a genética, portanto, com o avanço da biologia, fomos capazes de responder várias questões que envolvessem as vantagens do sexo. Por exemplo, sabemos que a vantagem adaptativa do sexo está relacionada com a troca e permuta de genes entre as gerações parentais, o que garante uma constante variabilidade genética nos indivíduos de uma população, garantindo consequentemente uma maior probabilidade de sobrevivência e adaptação sob a ação da seleção natural. Por isso, a tendência de escolha de parceiros é genotípica e fenotipicamente norteada à oposição dos caracteres que definem o indivíduo que escolhe os parceiros. De certa forma, como na física, os opostos se atraem.

   “Ah, mas isso não é verdade! Eu e minha (meu) parceira(o) temos muito em comum!”. Sim, mas não se esqueça de que estamos falando de caracteres corporais expressos (fenótipo) e da carga genética do parceiro (genótipo). Para provar, só pensar um pouco. Casais formados por homens altos e mulheres baixas é uma forma corriqueira de que essa premissa é válida.

   Com estes entendimentos, podemos deduzir ou mesmo provar o que é o amor, o ciúme e a monogamia.

   O amor (espero que minha namorada não esteja lendo isso, nunca) é, de forma nada romântica, uma dinâmica de neurotransmissores e endorfinas no nosso cérebro. Outros hormônios, como as oxitocinas, atuam desenvolvendo um afeto entre mãe e filho, a atração sexual e até mesmo uma afeição ainda maior com o parceiro no pós-coito.

   Pode-se dizer então, que o ciúme é proveniente disto. A incondicional necessidade de exclusividade com um parceiro é proporcionada por bombas de oxitocinas, assim como a naturalidade do macho, principalmente, em manter seus genes na população e garantir um bom pool gênico.

   A monogamia é um pouco mais difícil de explicar, afinal, estamos lidando com dogmas religiosos pré-estabelecidos há milênios. Contudo, a monogamia não acontece apenas na espécie humana, portanto não varia necessariamente de acordo com aspectos religiosos e culturais. Nos mamíferos, cerca de 160 espécies apresentam este tipo de comportamento. Pode-se dizer, de acordo com o Professor Franklin Rumjanek, da UFRJ, que a monogamia derivou de situações nas quais havia poucas alternativas de parceiros para o acasalamento. Era desenvolvido pelos machos, cujo interesse era, olha que novidade, preservar seus genes.

   Enfim, não se pode deixar de frisar que a capacidade racional humana fomentou muito estes aspectos que são também encontrados na natureza, porém em menor quantidade. O homem exagera, hiperboliza, provavelmente por causa da vida em sociedade próspera, em termos evolutivos.



Zumbis!

    Todo dia em que acordo para ir a aula, leio o jornal, e me desaponto cada vez mais em não encontrar uma matéria, na primeira página, anunciando a chegada de um verdadeiro início do apocalípse zumbi. Mas enquanto espero por um, tenho certeza que algum cientísta louco pelo mundo afora, está desenvolvendo alguma substância ou droga que possibilite um dos eventos mais desejados pelos jovens.
    
    A algumas semanas atrás, nos Estados Unidos, houveram relatos de canibalismo em plena luz do dia. Em Miami, no Sudeste do país, um homem nu tentou comer os olhos, o nariz, a bochecha e a boca de um indivíduo. Na mesma região, uma pessoa invadiu um restaurante aos delírios, e tentou comer a mão de um policial presente na cena.

    Ambos os casos foram explicados pela intoxicação dos dois indivíduos por uma droga chamada "Cloud Nine", substância sintética conhecida como "sais de banho". É capaz de produzir efeitos alucinógicos, agitação, insônia, irritação, enjoo, depressão, delírio, paranóia, pensamentos suicídas, ataques de pânico e apoplexias, que caracteriza-se pelo sangramento incontrolável de algum orgão.

    Os "sais de banho" apareceram pela primeira vez nos Estados Unidos em 2010, e é produzido por substâncias importadas. Pode ser comercializada legalmente em postos de gasolina e na internet, mesmo sendo proibida em vários estados do país.

    Por ser uma droga recente, encontra-se poucas informações confiáveis na internet. Acredito que em cerca de alguns meses, com a popularidade da droga pelos ataques, devemos ter mais afirmações sobre a substância.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/06/canibalismo-pode-ser-novo-efeito-de-droga-sintetica-disseminada-pelos-eua.html

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Grafeno, Invisibilidade e Platão



“Repeti, confirmando para todos que em questão de anos teriamos em mãos uma fina folha com todas as funções de um ‘tablet’ tradicional. Disse que os computadores seriam substituídos por este novo material, podendo ser dobrados e enrolados. Como resposta, obtive um urro de risadas e um coro de pessoas me chamando de louco...”



O grafeno é o material mais forte já demonstrado, consistindo em uma folha planar de átomos de carbono densamente compactados em uma grade de duas dimensões.

Além de ser o material mais fino descoberto até agora, é transparente, para poder ser detectado é preciso colocá-lo sobre uma finíssima placa de óxido de silício. Apesar disto, é a substância mais resistente que se conhece, “é mesmo mais resistente do que o melhor dos metais, é mais forte do que o aço” sublinha Palácios, seria necessário colocar um elefante em equilíbrio sobre a ponta de um lápis para perfurar uma simples folha de grafeno, e já foi demonstrado que duas folhas de grafeno conseguem ser ainda mais eficazes como condutores de eletricidade.

As possíveis aplicações ao se recorrer ao grafeno seriam:

  • ·         Telas tácteis e flexíveis, já que o grafeno pode ser enrolado ou dobrado como uma folha de papel, onde a Samsung já iniciou a sua pesquisa.
  • ·         Acesso a novos materiais produzindo componentes mais leves, por exemplo, para a indústria Aeronáutica.
  • ·         Invisibilidade já que possui a capacidade de desviar os raios de luz, o que poderá servir a prazo para tornar “invisíveis” objetos cobertos por uma camada do material.
  • ·   Microprocessadores onde os elétrons viajam mais depressa permitindo criar computadores mais potentes e comunicações sem fios mais rápidas
  • ·         Baterias que iram armazenar mais energia e durante mais tempo
  • ·         Televisores onde o grafeno poderá conferir maior luminosidade e contraste.
  • ·         Detectores de luz como óculos de visão noturna extremamente eficazes
  • ·         Maior condutividade eléctrica, superior à dos materiais tradicionais.
  • ·         Comunicações ópticas, já que este material possui ainda a capacidade de polarizar a luz, faculdade que pode ser aproveitada para criar circuitos fotónicos e sistemas de comunicação de alta velocidade.
  • ·         Coletes á prova de bala, tirando partido da resistência e leveza do material


“...Não era louco, apenas um cientista. Mas não precisava responder a insulto algum. Ajeitei uma matéria sobre “A Alegoria da Caverna” em baixo do braço e continuei meu caminho.”

Fonte:



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