sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Até onde as células-tronco vão


"Stem-cells are the fuel for Neoplasic Tissue" - Nature

   É o seguinte: três resultados de estudos, compatíveis e coerentes, acabaram de ser publicados em dois periódicos científicos de grande prestígio no âmbito internacional, a  Science e a Nature. Tais resultados apontam a presença de uma subpopulação de células (que compõe de 5% a 10% das células totais) no cerne das neoplasias (cânceres). As células desta subpopulação divergem em vários aspectos das outras células que compõe o tecido neoplásico.

   As células dessa subpopulação podem ser células-tronco.

   Assunto extremamente polêmico, mas faz sentido.

   O tumor, já metastático, tem a capacidade de disseminar suas células através da corrente sanguínea, e estas têm a capacidade de se "fixar" em quaisquer outros tipos de tecidos. Tal capacidade pode ser bem explicada pela totipotência das células-tronco, a qual permite a diferenciação celular de células cancerosas e consequentemente a sua não rejeição nos outros tecidos saudáveis do organismo.

   Os resultados apontam, então, que as células que alimentam e norteiam os tecidos neoplásicos são, com uma certeza de 4σ, células-tronco, e se for definitivamente comprovado, haverá uma mudança radical nos paradigmas que envolvem o tratamento do câncer, abrindo um leque de possibilidades nas tentativas de cura com fármacos que não foquem apenas o crescimento do câncer, mas sim o que faz ele crescer.

   E vale frisar que os tecidos neoplásicos testados nos experimentos foram de glioblastomas (no cérebro), melanomas (na pele) e adenomas (nos intestinos), e apesar de suas características divergirem muito, há a possibilidade de outros tipos de cânceres se comportem de maneira diferente, ou mesmo não apresentarem essa subpopulação de células, que digamos, são candidatas a células-tronco.

Imagem, retirada do link acima do post, na página virtual do periódico Nature.

  • Na imagem, o tecido neoplásico de um melanoma mostra células em vermelho, que podem ser todas oriundas de uma única célula-tronco.

3 comentários:

TININHA disse...

Jóia! Vou ler os artigos! Você os tem Bita? Eu agora sou mãe, não tenho acesso... de qq forma queria adicionar que alguns tipos de tumores causam metástase preferencialmente em alguns locais. P.ex. câncer de próstata e metástase óssea. Acho que como você disse, outros tumores podem não ter as tais células...tratamento tumor-específico, sempre...não?

Vinícius Camargo Penteado disse...

Oi Tininha
O assunto é bem interessante mesmo né? Mas foi o Gustavo que publicou esse post, provavelmente ele lerá seu comentário e irá te responder. Eu também não tenho mais acesso ao conteúdo fechado, mas tem muita revista aberta on-line ótima. Brigado pelo comentário e por adicionar informações.
Um beijo

Gustavo Lepore disse...

Tininha, eu tenho acesso ao material da 'Science', que foi onde eu li os artigos. O artigo completo sobre as células-tronco em adenomas lançado na penúltima edição da revista eu tenho completo no meu HD, se quiser posso te passar por e-mail.

A matéria "mastigada" está no link acima do post. Coloquei justamente porque dá um trabalhão assinar a 'Science', e no link a 'Nature' acaba explicando muito bem, de maneira rápida e objetiva, sem precisar de inscrições ou assinaturas.

E as relações entre tipos de cânceres, como no caso do câncer de próstata e metástase óssea, são, assim como outros exemplos, dados estatísticos essenciais nas avaliações dos resultados destes artigos, assim para como um bom prognóstico médico, para nortear os pacientes quanto às possibilidades de distúrbio na relação doença x doente, facilitando o acompanhamento do tratamento.

E quanto ao tratamento, partilho da mesma ideia: tratamento tumor-específico. Por enquanto é o melhor que temos. Dar tiros às cegas nós fazemos com os ratos, porque com homens, gera muitos problemas... haha.

Obrigado pelo comentário!
Um abraço!