quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Um pouco sobre música e ciência

   Caros leitores!

   Eis que não vos darei o desprazer de justificar minha ausência nos últimos dias, mas digamos que isto seja apenas uma elipse do resultado do que suspeitam alguns de meus entes. Mas, como prévia, vos digo: o que fiz surtiu e está surtindo resultados muitos, e repito, MUITOS satisfatórios.

   E assim como a cafeína assume o lugar da adenosina nas fendas neuro-sinápticas, esse banho de endorfinas que meu cérebro tem tomado por causa desses resultados me colocou em um grau de agitação indescritível, e a única forma de canalizar essa entropia mental maluca, para mim, é escrevendo no Ao Pé da Vida.

   Portanto, estou de volta. Enjoy.

   Falarei hoje de música. Na verdade, tentarei casar a concepção artística da música que temos com a concepção neuro-fisiológica.

   Hoje, a concepção artística da música é predominantemente difundida. A matéria "Música" não está nos currículos do ensino fundamental pelo fato de ser um instrumento de aprendizado científico, mas sim pelo fato de que ela é fundamental para o entendimento da cultura e da arte, não só nacionais, como  internacionais também, ainda mais com o recente processo de globalização que o mundo tem sofrido.

   Mas, ao meu ver, essa concepção artística leva o estudante do ensino fundamental a acreditar que a música é algo estritamente humano, fruto de um processo cultural que abrange toda a sociedade na qual ele está incluso. Exemplo? "Brasil, terra do samba e do futebol".

   Embora essa seja a concepção mais difundida, se nós analisarmos a questão com um olhar evolutivo, chegaremos a conclusão de que a música é uma ferramenta de linguagem, ou seja, uma língua. O uso desta língua nos mostra, por exemplo, o poder da musicalidade no ciclo de vida das aves, principalmente nos períodos de acasalamento. Uma ave macho com um canto mais robusto e sofisticado (dependendo da espécie) é selecionado pelas fêmeas como o bom pool gênico para suas proles.

   Aí vem o leitor com uma pós-graduação em cladística e diz: "Mas Gustavo, as aves não têm nada a ver com os humanos, sem ser pelo fato de partilharem um ancestral comum. Elas se diferenciaram dos répteis um tempo depois dos répteis terem se diferenciado da 'linha evolutiva' que daria origem a nós."

   Baleias e golfinhos são mamíferos, ou seja, muito próximo de nós (pois partilhamos a mesma classe) e comunicam-se através de sons, o que atrai e intriga muitos pesquisadores das áreas das ciências biológicas, humanas e exatas.

   Portanto, a música, ao longo da evolução dos hominídeos, foi perdendo espaço para o desenvolvimento da língua falada, mas não se extinguiu. Manteve-se firme ao ponto de hoje ainda conseguirmos passar para ouvintes certas sensações através da música, as quais as palavras não dariam conta de provocar.

   É extremamente intrigante (e eu tenho um leve fetiche com coisas intrigantes) o fato de que nossos corpos consigam absorver vibrações do meio, de diversas frequências, e interpretá-las em nossos lóbulos temporais sensações que despertam outras sensações, como gosto, cheiro e imagem.

   Quem nunca lembrou daquela viagem, ou daquele dia, ou de alguém, quando escutou uma música?

   E então eu digo: atribuir uma forma de linguagem que a própria evolução das espécies desenvolveu, muito antes da própria língua falada, a aspectos estritamente culturais e antropológicos é errado. Os jovens devem aprender a música de uma forma muito mais científica do que "humanizada". Como fazer isso? Eu não sei, mas julgo ser o correto a fazer.

   A música é uma ciência. Biologicamente ligada a hormônios, psicologicamente ligada a laços.

   Resgatemos então algo bom da Idade Média, período que tantos julgam ter sido de estagnação científica (apesar da ciência ter evoluído na Idade Média, antes que algum radical venha comentar, essa evolução foi exacerbadamente reprimida pela Igreja). Nesta época, a música era tratada em igualdade à geometria, astronomia e aritmética, como uma forma de entender a natureza.



   Eu, desde cedo, aprendi a tocar guitarra. Hoje, não deixei de tocar guitarra, e ainda expandi esse meu amor por instrumentos de corda aprendendo a tocar diversos outros instrumentos. Até cavaquinho eu tentei, mas esse não deu, minha mão é muito grande (apesar que tem uns caras que com 380kg conseguem tocar muito bem, então acho que isso não é uma desculpa). 

   Então, como bônus, estão aqui três vídeos, de três músicas que eu aprecio demais.

   I) Música: Breaking All Illusions 
       Banda: Dream Theater
       Álbum: Dramatic Turn of Events, 2012
       Motivo: complexidade do ritmo, polirritmia, quebra de ritmo, genialidade da composição e extremo domínio de cada instrumento por parte de cada integrante do conjunto. PS: minha banda preferida.



   II) Música: Struggle for Pleasure
        Autor: Wim Mertens
        Motivo: Nunca aprendi a tocar piano, mas ano que vem eu começo. Eu adoro músicas clássicas, e este minimalista conseguiu passar para mim uma sensação de como a vida é: começa calma e sem preocupações;  assume uma ritmo acelerado, nos trazendo escolhas e exigindo maturidade; acaba de repente. PS: Não dá pra morrer sem ouvi-la.



   III) Música: Aces High
         Banda: Iron Maiden
         Motivo: Uma música baseada na força aérea britânica durante a Segunda Guerra Mundial. A música conta com um refrão que explica genial e objetivamente a vida de um piloto durante a guerra: "Viver para Voar, Voar para viver". PS: arrepiante.

sábado, 17 de novembro de 2012

750 pernas

O Illacme plenipes é um diplópode raro, endêmico da região do condado de San Benito no estado da Califórnia, foi visto pela primeira vez em 1928 pelos cientistas Cook e Loomis do Departamento de Agricultura dos EUA, sendo o animal com mais pernas do mundo. Redescoberto em 2005 pelo pesquisador Paul Marek da Universidade do Arizona, o animal, que tem apenas 3 centímetros de comprimento, apresenta diferenças no número de pernas entre machos, que possuem o máximo de 562 pernas, enquanto as fêmeas possuem o maior número. Abaixo, você encontra um vídeo da BBC Brasil.

O pesquisador norte-americanos publicou com colegas um estudo sobre o Illacme plenipes em que detalha cientificamente este estranho animal. O estudo pode ser encontrado aqui. Sem olhos, a espécie vive em ambientes subterrâneos, entre 10 e 15 centímetros abaixo do solo e  tem seu corpo recoberto de pelos e de uma substância viscosa. Mais informações podem ser encontradas aquiaqui e aqui.
Crédito: Paul Marek