sábado, 18 de agosto de 2012

Vida com arsênio!?

   Primeiramente, quero agradecer pelo retorno do nosso digníssimo professor Vinícius. Sua proeza de sumir repentinamente foi tamanha que devo equipará-la com a capacidade de se esconder do Bóson de Higgs. Mas ele está de volta! Obrigado Professor!

   E bem vindo aos novos leitores do Ao Pé da Vida.

   Sigamos.

   Há um bom tempo atrás, saiu na literatura da comunidade científica um artigo sobre a descoberta de uma bactéria capaz de quebrar as regras do que conhecemos hoje como vida. Basicamente, em um ser vivo, os integrantes da tabela periódica que são indubitavelmente essenciais são o carbono, nitrogênio, oxigênio, enxofre, fósforo e hidrogênio.

   Pois bem, tal bactéria, a GFAJ-1, tinha, segundo os pesquisadores, a capacidade de substituir em suas estruturas o elemento fósforo ("P" - família VA) por outro eletricamente semelhante, o Arsênio, da mesma família. Entretanto, o arsênio, na concentração encontrada no lago Mono (habitat das tais bactérias, na Califórnia, EUA) é letal para a vida (letal para os humanos? Vide "Influência do Arsênio em Humanos", no fim do post), e como esse ser tão primitivo teria a capacidade de substituir o fósforo, um elemento extremamente importante que está presente em todo material genético, nos ATPs, nas membranas celulares, por um elemento altamente tóxico?

   Para a comunidade científica, isso foi um espanto. Assim como a polêmica dos neutrinos abalou uma das principais (senão a principal) teorias da física moderna, essa descoberta, se devidamente provada, derrubaria os pilares que sustentam o nosso conhecimento sobre a vida, podendo até nos levar a cogitar, ceticamente falando, a possibilidade de vida fora da Terra.

   Tão sucesso fez, que uma grande revista de publicações científicas, a Science, resolveu publicar os resultados dessa pesquisa, dizendo, como a autora da pesquisa alegava, que a GFAJ-1 utilizava o arsênio no desenvolvimento celular e o incorporava ao seu material genético.

   Acontece que, na comunidade científica, obviamente, o empirismo e o ceticismo estão sempre à tona, fazendo com que o nosso hemisfério esquerdo do cérebro não aceite tão facilmente esses, digamos, resultados. Portanto, a autora do polêmico artigo respondeu a inúmeras cartas de críticas e questionamentos, sempre alegando o mesmo, porém, dizendo que as amostras das bactérias estavam levemente contaminadas com fósforo.

   Eis então, que grandes cientistas "duvidões" começaram a trabalhar com a GFAJ-1, e os resultados foram o seguinte:
   
      1º) A GFAJ-1 precisa sim de fósforo para o seu desenvolvimento, e na ausência deste, ela não se desenvolve e morre, portanto, não o substitui pelo arsênio. O que acontece é que ela tem a capacidade de sobreviver com pouca disponibilidade de fósforo, o que poderia ter gerado o desentendimento da autora.
   
      2º) A GFAJ-1 também não incorpora o arsênio ao seu material genético, como a autora havia alegado.

   E a prestigiosa Science publica estes resultados, refutando a pesquisa, e consequentemente sua própria divulgação anterior. Enfim, a GFAJ-1 não rompe com os dogmas da vida.

   Mas surge então um novo problema. A divulgação científica. Quando é correto divulgarmos uma pesquisa? Se partimos da premissa maior da doutrina agnóstica sobre verdade absoluta, nunca divulgaremos mais ciência, pois tudo poderá ser refutado, desde que surja uma teoria mais bem desenvolvida e que abranja, sem exceções, todo o requerido.

   Por isso precisamos de uma teoria do tudo, assim como Einstein desejava.

Influência do Arsênio em Humanos: para os loucos sobre os problemas do corpo humano, vou explicar como é a possível influência do arsênio no caso de uma intoxicação humana.
Primeiramente, como eu disse, o arsênio é um elemento eletricamente semelhante ao fósforo, ou seja, é trivalente. Portanto, o arsênio pode afetar várias funções metabólicas, como a fosforilação oxidativa, competindo com o fósforo durante a síntese de ATP. O arsênio também pode inibir a respiração mitocondrial em vários pontos, como na intervenção da conversão do ácido pirúvico em Acetil-CoA, reagindo com o ácido lipóico. Como se sabe, a Acetil-CoA é um composto intermédio chave (com seu cofator) de extrema importância no processo metabólico da respiração mitocondrial, dando início ao ciclo de Krebs. Algo curioso de se notar em pacientes com intoxicação por arsênio são as linhas de Mee's nas unhas, pela deposição do metal nesta região, juntamente dos cabelos e da pele.

PS: Tentei escanear uma foto das raras linhas de Mee's de um de meus livros. Sem êxito. Desculpem.

                                                        (Esta é a dita cuja)

Bem-vindo

Pode ser que hoje seja a primeira vez que você está entrando no Aopedavida, seja muito bem-vindo. Nessa semana fui convidado pela jornalista Juliana Duarte, da rádio CBN, a dar uma pequena entrevista para contar sobre o blog. Ela será daqui a pouco, estou aqui nos minutos que antecedem a mesma, com um certo nervoso mas, ao mesmo tempo, achando tudo muito divertido. Quando eu criei o blog o intuito era esse mesmo, de que várias pessoas pudessem conhecê-lo e saber um pouco mais da Ciência, essa maravilhosa ferramenta da humanidade que faz com que consigamos entender um pouco mais dessa doidera que reside a nossa volta, e dentro da gente também, e em lugares que nem as pessoas mais imaginativas conseguem imaginar. Para ilustrar o que de bom você pode encontrar no Aopedavida segue um trecho de um livro do Carl Sagan, Sombras dos Antepassados Esquecidos, que mostra um pouquinho de como o que nos cerca pode ser fantástico, sem precisarmos nos desligar do que já existe de fato:



"A escuridão imensa e arrebatadora é quebrada aqui e ali por um débil ponto luminoso que, observado de mais perto, se revela um poderoso sol incandescente num incêndio termonuclear e aquece um pequeno volume do espaço à sua volta. O universo resume-se quase só a um vazio negro e, contudo, o número de sóis existentes é espantoso. As regiões na vizinhança imediata desses sóis representam uma fração mínima da vastidão do cosmos, mas muitas - talvez a maioria dessas alegres, brilhantes e clementes regiões circum-estelares - são, provavelmente, ocupadas por mundos. Só na galáxia da Via Láctea deve haver 100 mil milhões de mundos, nem demasiado próximos, nem demasiado distantes do sol local, à volta do qual orbitam em silenciosa homenagem gravitacional.
Esta é a história de um desses mundos, talvez não muito diferente dos outros; é sobretudo a história dos seres que nele evoluíram e, de entre esses, de uma espécie em particular.   Para estar vivo milhões de anos após a origem da vida, um ser tem de ser resistente, engenhoso e afortunado, a fim de escapar aos muitos perigos que surgem pelo caminho. As formas de vida podem, por exemplo, vingar por serem pacientes ou vorazes, solitárias e camufladas ou pródigas em descendentes, predadoras temíveis ou capazes de fugir para um lugar seguro, nadadoras ou escavadoras de tocas ágeis, desembaraçadas na libertação de líquidos nocivos e desorientadores ou mestras na arte de se infiltrarem no próprio material genético de outros seres, ou então por se encontrarem, casualmente, num local distante quando os predadores atacam, o rio fica envenenado ou os recursos alimentares escasseiam. Os seres em que estamos especialmente interessados eram, até há não muito tempo, extremamente gregários, barulhentos, belicosos, arborícolas, autoritários, sensuais e espertos, utilizavam ferramentas, tinham uma infância prolongada e mostravam afeto pelos filhos. Uma coisa levou à outra e, num abrir e fechar de olhos, os seus descendentes multiplicaram-se por todo o planeta, dizimaram os rivais, inventaram tecnologias que transformariam o mundo e representariam um perigo mortal para si próprios e para muitos dos seres com quem partilhavam a sua pequena casa. Simultaneamente, começaram a visitar os planetas e as estrelas."

 Aproveite todo o material disponível no blog, é só você fazer a procura ai na barra a direita. Se achar algum link rompido, ou quiser falar um pouco do que você pensa, pode usar o espaço dos comentários com toda liberdade. Voltarei a escrever com frequência no blog, mas meus colaboradores, o Gustavo, o Rodrigo e o Vitor estão fazendo a minha alegria mantendo o blog com postagens frequentes. A minha ideia é que o Aopedavida continue vivo mesmo depois da minha morte. Seria maravilhoso, um pouco de mim ainda ficaria vivo na internet, tudo que escrevi aqui faz parte ou já fez parte de mim. O máximo de escrever é deixar um pouco da sua essência registrada em ideias, e as ideias duram muito mais do que seu corpo físico. Divulgue suas ideias para o mundo! E acesse o Aopedavida! Obrigado.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Evolução: sexo, ciúmes e monogamia

   Pode-se dizer que uma das coisas mais intrigantes de se fazer, quando se tenta entender o comportamento da sociedade na qual estamos inseridos, é olhar ao redor com um olhar evolutivo.
  
   Coisas frívolas do cotidiano, as relações entre as pessoas, o comportamento do homem em sociedade. É, tudo. Tudo pode ser explicado pela Teoria Darwinista da Evolução.
  
   Nos primórdios da vida, os primeiros coacervados tornaram-se, por pressão seletiva do meio e por uma complexidade bioquímica, os primeiros seres vivos procarióticos que habitaram a Terra. Estes seres estão presentes até hoje, e mostraram, ao longo da evolução, uma enorme capacidade adaptativa. As archeas, por exemplo, são bactérias que podem viver desde em regiões vulcânicas, de solo salino e com extremas temperaturas, às regiões mais frias do globo, submetidas a altíssimas pressões.

   Sua reprodução é assexuada, por uma simples divisão equacional de seu material genético. Mesmo sendo um processo simples, isso ocorre a mais de 3 bilhões de anos, o que mostra a eficiência deste tipo de reprodução. Porém, ao longo da evolução, surgiram outros tipos de reprodução, incluindo a que envolve dois sexos, conhecida como sexuada.

   Cogitar o fato de que os seres mais complexos, como nós, mamíferos, são fruto de uma evolução que priorizou a reprodução sexuada é intrigante. Primeiramente, na natureza há casos de partenogênese (tipo de reprodução na qual a prole é oriunda do desenvolvimento de uma célula haploide, sem necessidade de parceiro ou fecundação) o que, logicamente, nos leva a crer que há uma vantagem em questões de velocidade de reprodução para organismos que realizam esse tipo de reprodução. Contudo, na natureza, quantidade não é equivalente à qualidade.

   Darwin cogitou e questionou a existência de sexos diferentes de modo semelhante, e ao aperfeiçoar sua teoria evolutiva, concluiu que uma das vantagens da escolha de parceiros sexuais é a possibilidade de escolher o melhor fenótipo para sua prole, garantindo força e robustez.

   Claro que Darwin não tinha o conhecimento que detemos hoje sobre a genética, portanto, com o avanço da biologia, fomos capazes de responder várias questões que envolvessem as vantagens do sexo. Por exemplo, sabemos que a vantagem adaptativa do sexo está relacionada com a troca e permuta de genes entre as gerações parentais, o que garante uma constante variabilidade genética nos indivíduos de uma população, garantindo consequentemente uma maior probabilidade de sobrevivência e adaptação sob a ação da seleção natural. Por isso, a tendência de escolha de parceiros é genotípica e fenotipicamente norteada à oposição dos caracteres que definem o indivíduo que escolhe os parceiros. De certa forma, como na física, os opostos se atraem.

   “Ah, mas isso não é verdade! Eu e minha (meu) parceira(o) temos muito em comum!”. Sim, mas não se esqueça de que estamos falando de caracteres corporais expressos (fenótipo) e da carga genética do parceiro (genótipo). Para provar, só pensar um pouco. Casais formados por homens altos e mulheres baixas é uma forma corriqueira de que essa premissa é válida.

   Com estes entendimentos, podemos deduzir ou mesmo provar o que é o amor, o ciúme e a monogamia.

   O amor (espero que minha namorada não esteja lendo isso, nunca) é, de forma nada romântica, uma dinâmica de neurotransmissores e endorfinas no nosso cérebro. Outros hormônios, como as oxitocinas, atuam desenvolvendo um afeto entre mãe e filho, a atração sexual e até mesmo uma afeição ainda maior com o parceiro no pós-coito.

   Pode-se dizer então, que o ciúme é proveniente disto. A incondicional necessidade de exclusividade com um parceiro é proporcionada por bombas de oxitocinas, assim como a naturalidade do macho, principalmente, em manter seus genes na população e garantir um bom pool gênico.

   A monogamia é um pouco mais difícil de explicar, afinal, estamos lidando com dogmas religiosos pré-estabelecidos há milênios. Contudo, a monogamia não acontece apenas na espécie humana, portanto não varia necessariamente de acordo com aspectos religiosos e culturais. Nos mamíferos, cerca de 160 espécies apresentam este tipo de comportamento. Pode-se dizer, de acordo com o Professor Franklin Rumjanek, da UFRJ, que a monogamia derivou de situações nas quais havia poucas alternativas de parceiros para o acasalamento. Era desenvolvido pelos machos, cujo interesse era, olha que novidade, preservar seus genes.

   Enfim, não se pode deixar de frisar que a capacidade racional humana fomentou muito estes aspectos que são também encontrados na natureza, porém em menor quantidade. O homem exagera, hiperboliza, provavelmente por causa da vida em sociedade próspera, em termos evolutivos.



Zumbis!

    Todo dia em que acordo para ir a aula, leio o jornal, e me desaponto cada vez mais em não encontrar uma matéria, na primeira página, anunciando a chegada de um verdadeiro início do apocalípse zumbi. Mas enquanto espero por um, tenho certeza que algum cientísta louco pelo mundo afora, está desenvolvendo alguma substância ou droga que possibilite um dos eventos mais desejados pelos jovens.
    
    A algumas semanas atrás, nos Estados Unidos, houveram relatos de canibalismo em plena luz do dia. Em Miami, no Sudeste do país, um homem nu tentou comer os olhos, o nariz, a bochecha e a boca de um indivíduo. Na mesma região, uma pessoa invadiu um restaurante aos delírios, e tentou comer a mão de um policial presente na cena.

    Ambos os casos foram explicados pela intoxicação dos dois indivíduos por uma droga chamada "Cloud Nine", substância sintética conhecida como "sais de banho". É capaz de produzir efeitos alucinógicos, agitação, insônia, irritação, enjoo, depressão, delírio, paranóia, pensamentos suicídas, ataques de pânico e apoplexias, que caracteriza-se pelo sangramento incontrolável de algum orgão.

    Os "sais de banho" apareceram pela primeira vez nos Estados Unidos em 2010, e é produzido por substâncias importadas. Pode ser comercializada legalmente em postos de gasolina e na internet, mesmo sendo proibida em vários estados do país.

    Por ser uma droga recente, encontra-se poucas informações confiáveis na internet. Acredito que em cerca de alguns meses, com a popularidade da droga pelos ataques, devemos ter mais afirmações sobre a substância.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/06/canibalismo-pode-ser-novo-efeito-de-droga-sintetica-disseminada-pelos-eua.html

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Grafeno, Invisibilidade e Platão



“Repeti, confirmando para todos que em questão de anos teriamos em mãos uma fina folha com todas as funções de um ‘tablet’ tradicional. Disse que os computadores seriam substituídos por este novo material, podendo ser dobrados e enrolados. Como resposta, obtive um urro de risadas e um coro de pessoas me chamando de louco...”



O grafeno é o material mais forte já demonstrado, consistindo em uma folha planar de átomos de carbono densamente compactados em uma grade de duas dimensões.

Além de ser o material mais fino descoberto até agora, é transparente, para poder ser detectado é preciso colocá-lo sobre uma finíssima placa de óxido de silício. Apesar disto, é a substância mais resistente que se conhece, “é mesmo mais resistente do que o melhor dos metais, é mais forte do que o aço” sublinha Palácios, seria necessário colocar um elefante em equilíbrio sobre a ponta de um lápis para perfurar uma simples folha de grafeno, e já foi demonstrado que duas folhas de grafeno conseguem ser ainda mais eficazes como condutores de eletricidade.

As possíveis aplicações ao se recorrer ao grafeno seriam:

  • ·         Telas tácteis e flexíveis, já que o grafeno pode ser enrolado ou dobrado como uma folha de papel, onde a Samsung já iniciou a sua pesquisa.
  • ·         Acesso a novos materiais produzindo componentes mais leves, por exemplo, para a indústria Aeronáutica.
  • ·         Invisibilidade já que possui a capacidade de desviar os raios de luz, o que poderá servir a prazo para tornar “invisíveis” objetos cobertos por uma camada do material.
  • ·   Microprocessadores onde os elétrons viajam mais depressa permitindo criar computadores mais potentes e comunicações sem fios mais rápidas
  • ·         Baterias que iram armazenar mais energia e durante mais tempo
  • ·         Televisores onde o grafeno poderá conferir maior luminosidade e contraste.
  • ·         Detectores de luz como óculos de visão noturna extremamente eficazes
  • ·         Maior condutividade eléctrica, superior à dos materiais tradicionais.
  • ·         Comunicações ópticas, já que este material possui ainda a capacidade de polarizar a luz, faculdade que pode ser aproveitada para criar circuitos fotónicos e sistemas de comunicação de alta velocidade.
  • ·         Coletes á prova de bala, tirando partido da resistência e leveza do material


“...Não era louco, apenas um cientista. Mas não precisava responder a insulto algum. Ajeitei uma matéria sobre “A Alegoria da Caverna” em baixo do braço e continuei meu caminho.”

Fonte:



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