quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Evolução: sexo, ciúmes e monogamia

   Pode-se dizer que uma das coisas mais intrigantes de se fazer, quando se tenta entender o comportamento da sociedade na qual estamos inseridos, é olhar ao redor com um olhar evolutivo.
  
   Coisas frívolas do cotidiano, as relações entre as pessoas, o comportamento do homem em sociedade. É, tudo. Tudo pode ser explicado pela Teoria Darwinista da Evolução.
  
   Nos primórdios da vida, os primeiros coacervados tornaram-se, por pressão seletiva do meio e por uma complexidade bioquímica, os primeiros seres vivos procarióticos que habitaram a Terra. Estes seres estão presentes até hoje, e mostraram, ao longo da evolução, uma enorme capacidade adaptativa. As archeas, por exemplo, são bactérias que podem viver desde em regiões vulcânicas, de solo salino e com extremas temperaturas, às regiões mais frias do globo, submetidas a altíssimas pressões.

   Sua reprodução é assexuada, por uma simples divisão equacional de seu material genético. Mesmo sendo um processo simples, isso ocorre a mais de 3 bilhões de anos, o que mostra a eficiência deste tipo de reprodução. Porém, ao longo da evolução, surgiram outros tipos de reprodução, incluindo a que envolve dois sexos, conhecida como sexuada.

   Cogitar o fato de que os seres mais complexos, como nós, mamíferos, são fruto de uma evolução que priorizou a reprodução sexuada é intrigante. Primeiramente, na natureza há casos de partenogênese (tipo de reprodução na qual a prole é oriunda do desenvolvimento de uma célula haploide, sem necessidade de parceiro ou fecundação) o que, logicamente, nos leva a crer que há uma vantagem em questões de velocidade de reprodução para organismos que realizam esse tipo de reprodução. Contudo, na natureza, quantidade não é equivalente à qualidade.

   Darwin cogitou e questionou a existência de sexos diferentes de modo semelhante, e ao aperfeiçoar sua teoria evolutiva, concluiu que uma das vantagens da escolha de parceiros sexuais é a possibilidade de escolher o melhor fenótipo para sua prole, garantindo força e robustez.

   Claro que Darwin não tinha o conhecimento que detemos hoje sobre a genética, portanto, com o avanço da biologia, fomos capazes de responder várias questões que envolvessem as vantagens do sexo. Por exemplo, sabemos que a vantagem adaptativa do sexo está relacionada com a troca e permuta de genes entre as gerações parentais, o que garante uma constante variabilidade genética nos indivíduos de uma população, garantindo consequentemente uma maior probabilidade de sobrevivência e adaptação sob a ação da seleção natural. Por isso, a tendência de escolha de parceiros é genotípica e fenotipicamente norteada à oposição dos caracteres que definem o indivíduo que escolhe os parceiros. De certa forma, como na física, os opostos se atraem.

   “Ah, mas isso não é verdade! Eu e minha (meu) parceira(o) temos muito em comum!”. Sim, mas não se esqueça de que estamos falando de caracteres corporais expressos (fenótipo) e da carga genética do parceiro (genótipo). Para provar, só pensar um pouco. Casais formados por homens altos e mulheres baixas é uma forma corriqueira de que essa premissa é válida.

   Com estes entendimentos, podemos deduzir ou mesmo provar o que é o amor, o ciúme e a monogamia.

   O amor (espero que minha namorada não esteja lendo isso, nunca) é, de forma nada romântica, uma dinâmica de neurotransmissores e endorfinas no nosso cérebro. Outros hormônios, como as oxitocinas, atuam desenvolvendo um afeto entre mãe e filho, a atração sexual e até mesmo uma afeição ainda maior com o parceiro no pós-coito.

   Pode-se dizer então, que o ciúme é proveniente disto. A incondicional necessidade de exclusividade com um parceiro é proporcionada por bombas de oxitocinas, assim como a naturalidade do macho, principalmente, em manter seus genes na população e garantir um bom pool gênico.

   A monogamia é um pouco mais difícil de explicar, afinal, estamos lidando com dogmas religiosos pré-estabelecidos há milênios. Contudo, a monogamia não acontece apenas na espécie humana, portanto não varia necessariamente de acordo com aspectos religiosos e culturais. Nos mamíferos, cerca de 160 espécies apresentam este tipo de comportamento. Pode-se dizer, de acordo com o Professor Franklin Rumjanek, da UFRJ, que a monogamia derivou de situações nas quais havia poucas alternativas de parceiros para o acasalamento. Era desenvolvido pelos machos, cujo interesse era, olha que novidade, preservar seus genes.

   Enfim, não se pode deixar de frisar que a capacidade racional humana fomentou muito estes aspectos que são também encontrados na natureza, porém em menor quantidade. O homem exagera, hiperboliza, provavelmente por causa da vida em sociedade próspera, em termos evolutivos.



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