sábado, 27 de outubro de 2012

Multivitamínicos: efeitos

Será que os multivitamínicos trazem algum benefício para a nossa saúde? Um último estudo realizado por pesquisadores de Boston, EUA, traz uma relevante informação, principalmente para os norte - americanos, já que 1 em cada 3 utiliza compostos de vitaminas e sais minerais constantemente. A pesquisa, que contou com a participação de 14.641 homens, médicos maiores de 50 anos, entre os anos de 1997 e 2011, revelou que o número de casos de câncer diminuiu 8% para aqueles que usaram algum multivitamínico diariamente, se comparado ao grupo placebo.
E aqueles que já tiveram algum tipo de câncer foram os mais beneficiados. O estudo liberado no The Journal of the American Medical Association (JAMA), notou também que os multivitamínicos não tiveram nenhum efeito nos casos de câncer de próstata, que é aquele que mais atinge a população masculina dentre todos os tipos de câncer.
Entretanto, outros estudos anteriores sugerem efeitos negativos da ingestão dos multivitamínicos. Um estudo de 2010, com 10 anos de duração, divulgado no American Journal of Clinical Nutrition, com 35.000 mulheres na Suécia, com idade entre 49 e 83 anos, revelou que números de casos de câncer de mama foi 19% maior nas mulheres que ingeriram os multivitamínicos. Outro estudo, do Archives of Internal Medicine, do ano passado, com 38.000 mulheres, sugeriu um aumento de 2,4% no risco de morte, durante um período de 19 anos para as mulheres que tomaram diariamente multivitamínicos.
Enfim, a ingestão ou não de multivitamínicos ainda é um assunto polêmico. Eu considero que antes de tomar qualquer um desses compostos disponíveis no mercado, um médico deve ser consultado para avaliar se há a necessidade ou não de suplementar a alimentação com vitaminas sintéticas, pois, não se tem todos os benefícios ou malefícios dos multivitamínicos disponíveis.
O estudo do JAMA pode ser encontrado aqui. Mais informações nas notícias do The New York TimesThe Huffington PostUSA Today e na Forbes.
Wikipedia

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Erva - iBioMovies

Post curto mas super importante
Saiu mais um vídeo lá no iBioMovies, no Youtube
Esse é sobre a erva-de-passarinho, assunto esse que já tratei aqui no Aopedavida.
Visite, mas nada de trocar o Aopedavida, a ideia é que você fique fã dos dois

Erva-de-passarinho: uma erva interessante!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

iBioMovies

Pois é, o tempo passa e nosso cérebro não para de nos atormentar: produza, produza! E, como somos sensatos, obedecemos e botamos ele pra funcionar. Hoje eu, Caio Toledo, Cybelle Feijó e Dilermando Santos, todos biólogos, lançamos um projeto na rede, o iBioMovies, uma série de vídeos que trazem imagens, informações sobre vida, ciência e tudo que nos cerca. A ideia fundamental é criar um canal de qualidade para nos comunicarmos com a maior parte de amantes do conhecimento possível. Toda semana lançaremos um vídeo novo, sobre um assunto diferente. Nós estamos nos divertindo e esperamos que você também faça o mesmo. Para que nos mantenhamos sempre animados sua ajuda é essencial, se você gostar do vídeo e do projeto curta-o no youtube, inscreva-se no canal iBioMovies, compartilhe com seus colegas no Facebook e curta nossa fanpage, faça comentários, visite nosso blog. Todos eles já estão cadastrados, é só procurar. Todas as sugestões são muito bem-vindas, nós queremos é que você ajude nosso projeto a crescer e ficar cada vez melhor.

O vídeo de estreia é sobre as Lagostas, esses grandes artrópodes, parentes próximos das aranhas e taturanas, que adotam uma cor vermelha linda depois de cozidos. Aproveite
 
 
O negócio é mesmo diversificar, eu continuarei aqui no Aopedavida, esse é meu xodó, e de várias outras pessoas também. Quanto mais eu expando meu conhecimento mais feliz eu me sinto. Isso não é ótimo?

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Lactato Sanguíneo: Vilão ou mocinho da atividade física intensa?

Durante o exercício intenso o desenvolvimento da "queimadura" no músculo, referida como a acidose, tem sido tradicionalmente explicada como um aumento na produção pelo corpo de ácido lático. Este "ácido lático" causa a acidose, referido como "acidose lática". A causa da acidose durante o exercício intenso tem sido um tema importante de discussão e debate com profissionais qualificados das áreas de saúde e rendimento esportivo. 
Muito se fala sobre vias metabólicas para produção de energia, (SISTEMA ATP-CP, SISTEMA GLICOLÍTICO E SISTEMA AERÓBIO) todos eles atuam em determinado estágio de um exercício físico, seja ele intenso ou moderado.
Dentro das atividades físicas de intensidade alta e curta duração (45 - 90 segundos), temos a produção de LACTATO no sangue pelo sistema glicolítico, anteriormente sob nomenclatura de ÁCIDO LÁTICO
Quer saber mais? Acesse aqui.



               


Por que (o VILÃO) antes chamado de ÁCIDO LÁTICO é denominado agora (o MOCINHO) LACTATO


Estudos comprovam que o ácido lático que era produzido seria o causador da fadiga muscular tardia ou não, ou seja, era feito um exercício intenso, colhia-se o sangue do indivíduo testado e chegava-se à conclusão que o ácido lático era indicador do desgaste e limitador de trabalho muscular, hoje através de muito estudo sabemos que é exatamente o contrário, o lactato é produzido, absorvido e reutilizado como substrato energético. Para maiores esclarecimentos veja aqui


Tendo como base esse estudo de Len Kravitz para o American Journal of Physiology, durante as demandas de exercícios de alta intensidade, a célula está utilizando uma grande quantidade de glicose (através da glicólise) e glicogênio muscular (forma armazenada de glicose). O processo final de degradação da glicose resulta na produção de duas moléculas de piruvato. As moléculas de piruvato começam a acumular-se na célula, bem como os prótons (a partir da divisão de ATP), a partir do exercício intenso. A fim de neutralizar a acumulação crescente de piruvato e de prótons (a partir da divisão de ATP), cada molécula de piruvato absorve dois prótons para a sua estrutura, fazendo a conversão de lactato. Assim, a produção de lactato é efetivamente uma consequência da acidose celular e não a causa da acidosePra resumir, a produção de lactato, na verdade, retarda a acidose. O lactato é um "neutralizador" temporário ou "tampão" para o acumulo de células elevado de prótons durante exercícios de alta intensidade. Como o aumento na produção de lactato coincide com acidose, medição do lactato é um excelente marcador "indireto" para a condição metabólica da célula. Produção de lactato é, portanto, bom e não ruim para contrair músculo. Lactato não é uma molécula ruim, e foi dado uma má reputação de ser falsamente a causa da acidose. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Cérebro: alimento de amebas

Amebas matam 10 pessoas no Paquistão
Como pode ser visto na notícia acima, do Jornal The Guardian, a ameba Naegleria fowleri, da superclasse dos rizópodas, matou 10 pessoas no Paquistão conforme a autoridade da Organização Mundial da Saúde no país.
Esse parasita causa uma doença chamada Meningoencefalite Amebiana Primária (MAP ou PAM), que mata rapidamente o indivíduo que contraiu a ameba. A contaminação acontece em ambientes de água quente, como lagoas e represas, por exemplo, sendo que as amebas penetram no humano por via nasal, atingindo assim, o cérebro. Mais informações sobre a Naegleria fowleri podem ser encontradas aqui (site do CDC, centro do governo dos EUA sobre doenças) e aqui (um artigo de um pesquisador da Universidade de Stanford)
Foto de microscópio da ameba - CDC

Pesquisadores do Instituto de Física da USP de São Carlos desenvolvem uma pesquisa com uma variante da ameba, menos arriscada para o manuseio, com enfoque para o entendimento de um determinado aminoácido nas proteínas da ameba. Informações aqui.
Achei um vídeo legal sobre essa ameba no site do Animal Planet, você pode acessá-lo aqui (texto aqui).
Fases de vida da Naegleria fowleri - Wikipedia

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Leite Hipoalergênico: Natural

Pesquisadores da Nova Zelândia conseguiram modificar geneticamente vacas para que elas produzissem leite hipoalergênico. Especificamente, os cientistas conseguiram inibir em 96% a produção da proteína beta-lactoglobulina, presente no leite dos animais placentários (exceto no leite humano e no leite das camelas) que causa alergia a várias crianças, principalmente. No entanto, os níveis de outras proteínas não foram diminuídos, mantendo o alto valor proteico do leite. 
Estrutura da beta-lactoglobulina (Wikipedia)

Os pesquisadores da AgResearch  e da Universidade Waikato and Agresearch of Hamilton conseguiram utilizar fragmentos de RNA para silenciar os genes responsáveis pela produção da proteínas alergênica, numa técnica inovadora, chamada de "RNA interference" (RNAi). 
Mais informações aquiaquiaqui e aqui.
Vaca leiteira (Wikipedia)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

HIV e uma noite sem sono

   Exatas duas horas da manhã, do dia 02 de outubro, precisando acordar às 6:30 da manhã, estou acordado. Meu cérebro tá de brincadeira comigo hoje. Nem injetando melatonina eu vou dormir. Sério.

   Motivo? Não sei, mas hoje eu li uma coluna de um periódico científico que me intrigou muito, mais do que o comum. A coluna tratava da AIDS e afirmava - com um preventivo tom de dúvida - que já houve casos de cura total da infecção, e que novos fármacos já foram testados e podem vir ao mercado para o tratamento e prevenção da doença.

   Então. Os mais comprometidos cientistas, futuros cientistas ou seja lá o que ou quem for, que leem com frequência a literatura científica, já ouviram falar do caso "Timothy Brown".

   Brown foi - não concordo com o tempo verbal - soropositivo, e seus médicos, assim como Françoise Barré-Sinoussi (Nobel de Medicina e Fisiologia de 2008) afirmam que erradicaram a doença com transplante de células-tronco retiradas da medula óssea de indivíduos resistentes ao vírus HIV.

   A terapêutica, tanto na teoria quanto na prática, é válida, afinal, o uso de células-tronco de um indivíduo resistente ao vírus dará origem a células-mãe linfoides que se diferenciarão em Linfócitos T (do grupo CD4+ Helpers) resistentes à infecção, proporcionando imunidade ao infectado, que estará concomitantemente sendo administrado com o coquetel anti-HIV.

   Acontece que - justificando a minha não concordância com o tempo verbal - outros soropositivos já foram sim tratados com o mesmo processo de transplante de células-tronco, e não obtiveram resultados sequer semelhantes, e isso acaba gerando dúvidas, as quais nos permitem incluir Brown em duas categorias: ou como sendo um falso positivo, e a popularidade que a mídia lhe proporcionou o ajudou a dobrar as sequelas dos preconceitos da população para com sua "doença", (que ele por muito acreditou ter e provavelmente alertou seus parceiros sexuais) possibilitando a ele uma vida relativamente normal; ou como sendo um caso à parte.

   Assim, vocês podem tirar suas conclusões, e eu desejo muito vê-las nos comentários, mas antes, deem uma olhada no site que ele fez, e no seu slogan: http://timothyrbrown.com/. Na minha singela opinião, acredito que a terapêutica utilizada pode ser eficiente, só que com probabilidades baixas, dependendo de fatores genéticos. Mas, na possível possibilidade de cura, ele (Brown) se vangloriou com o feito, e desfrutou disso de uma forma que o aliviasse da pressão social que o soropositivo hoje sofre, em todo o mundo.

Timothy Brown

   Foi bonito, de certa forma, a maneira como ele utilizou o acontecido, fomentando as pesquisas de cura para doenças incuráveis hoje em dia, pedindo doações e tudo mais. Mas depois de ver as fotos que ele tirou de si mesmo, com pose e tudo mais, me fez pensar mais um pouco no egocentrismo escondido por trás de suas palavras.

   Bom. Mas, acima de tudo, acredito no avanço dos estudos de alguns fármacos que podem ser adicionados no coquetel anti-HIV.

   Um destes fármacos é o vorinostate, utilizados em humanos para o tratamento de câncer - hilário como as drogas utilizadas no tratamento de cânceres acabam por ser utilizadas na terapêutica de outras doenças, vide ESTE post sobre o bexaroteno e o Alzheimer - e atua de forma bem peculiar.

   O vírus HIV é um retrovírus que utiliza o metabolismo das células de defesa (denominadas Linfócitos T CD4 Helpers) como geradores de outros vírus, por um ciclo reprodutivo furtivo denominado ciclo lisogênico. Este ciclo se caracteriza da seguinte maneira: o vírus ataca as células T, injeta o seu material genético (RNA) e através de uma enzima específica, denominada transcriptase reversa, produz, por meio do metabolismo da célula hospedeira, uma molécula de DNA que fornecerá as informações para a sintetização de novos vírus. Este DNA se unirá ao DNA celular, e depois de um tempo, a célula T hospedeira sofrerá lise, liberando assim vários novos vírus para a corrente sanguínea, prontos para atacarem novas células T.

   Esses novos vírus nem sempre parasitarão outras células T. Muitos deles se mantêm escondidos nestas células de defesa, o que torna difícil a detecção da infecção, dando origem aos usuais e desoladores casos de "falso negativo", que comprometem a saúde dos soropositivos.

   Mas, este novo fármaco, o vorinostate, é capaz de "desentocar" esses vírus escondidos, que serão eliminados pelo coquetel anti-HIV.

   Assim, teremos uma forma eficiente de trazer, de forma definitiva, a palavra "cura" para os quadros de infecção por HIV.

   E tem mais. Parceiros sexuais de soropositivos agora têm mais uma arma contra a infecção, podendo preveni-la  com o uso de um fármaco já conhecido pelos portadores de HIV, o Truvada (emtricitabina + tenofovir). Este medicamento foi laureado com aprovação da FDA (agência que controla a comercialização de alimentos e remédio nos EUA) para ser um preventivo da infecção, se usado diariamente, tendo êxito em 75% dos casos de possível infecção por HIV. Os outros 25% devem ser cobertos pelo uso de outros métodos, como o uso da camisinha.


Representação artística do vírus HIV

"A AIDS nos faz iguais"