quarta-feira, 30 de maio de 2012

Sustentabilidade


Jogo dos erros 3
Jogo dos erros 3b
Jogo dos erros 3c
Jogo dos erros 3d
É tudo isso de link mesmo, e leia todos e na sequência. É o seguinte, há pouco tempo começou a circular na internet uma entrevista do Jô Soares com um professor da USP. Não que as entrevistas desse programa sejam as mais profundas do mundo, mas quando é de um professor renomado as pessoas ficam sabendo. Pois bem, o professor em questão chegou e negou quase todo o conhecimento mais disseminado sobre aquecimento global e afim. Isso é bom em princípio, é legal que as pessoas tenham ideias diferentes e debatam. O problema ai foi a maneira "titulesca jornalesca" que o professor levou a situação. Se você assistir o vídeo (acompanhado pelos links acima), vai perceber que ele toma uma postura conspiracionista da mais clássica: os capitalistas querem dominar o mundo (como se isso já não fosse verdade). E é a mesma coisa de sempre: a turma adora um cidadão que venha dizer que todo o resto é mentira e só ele detém a verdade, parece que as pessoas gostam de perseguir pessoas que acham que sabem tudo, vide alguns episódios bem marcantes da nossa história mundial. Conheça os lados desse dado, não veja só uma face. Se você já assistiu o vídeo perceba que tudo pode ser questionado, e o legal da blogosfera é que as pessoas de todos os lugares podem interferir, não fica algo imposto, e sim algo discutido. Perfeito. De todas uma coisa é certa: a sustentabilidade, essa história de pensarmos mais em como afetamos o planeta, ou mesmo a nossa cidade e nosso bairro, é uma ótima ideia. O pensar alternativas para melhorarmos o que temos hoje sempre será um grande passo. Divirta-se, tem bastante coisa ai pra ler.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Uma conversa sobre doenças negligenciadas

     Há algumas semanas atrás, uma amiga minha comentou sobre uma prima que estava doente havia um bom tempo, devido a um suposto parasito que ela contraiu ao nadar em um lago. Perguntei a ela se sua parente já havia sido diagnosticada, e se não houvesse ainda, quais eram os seus sintomas. Sua resposta foi sucinta: ela já foi diagnosticada, mas continua mal, e não me lembro o nome da doença; ela sente dores na barriga e teve vezes em que chegou a vomitar sangue.

     Pela sintomatologia e o meio de onde contraiu o parasito, eu suspeitei de esquistossomose mansônica. Disse a ela que os sintomas dessa parasitose eram compatíveis com os que ela havia me dito, e que trata-se de um verme achatado da classe dos Trematodea, que tem um ciclo de vida heteroxeno, ou seja, possui dois hospedeiros durante todo seu ciclo, um intermediário e temporário e outro definitivo, sendo este provavelmente a sua prima.

     Minha amiga ouviu com atenção, e em alguns dias após veio conversar comigo novamente, dizendo que sua tia havia dito a ela que se tratava de uma doença com o nome popular de barriga d'água. Foi aí que eu conclui o raciocínio, dizendo a ela como funcionava a doença (explicarei como funciona a doença depois; para os que querem saber já, vide Esquistossomose mansônica, no fim deste post).

     Depois de um suspiro no qual estava nítidamente implícito (com a devido paradoxo) um grande "coitada da minha prima...", não comentamos mais sobre o assunto.

     E não é que, nesta quinta-feira última, ela vem a mim com a notícia de que a prima dela falecera. Nunca fui muito bom nas relações sociais (e eu até que evito), e sem saber o que dizer, soltei um "poxa vida, meus pêsames". Ela me pediu para explicar o que havia acontecido, se ela tinha sofrido bastante ou não. Tratei de explicar bem explicado, para ela entender bem e não ter dúvidas sobre o que se sucedeu, justamente para eu não ter que ficar pensando em frases de consolo, o que entre nós, é um saco.

     Passado tudo isso, vêm as divagações. Nos últimos dados estatísticos, o Brasil consta em uma posição gloriosa nos índices econômicos mundiais, a sexta posição. Mas, mesmo assim, ainda tem gente por aí morrendo por doenças cujas medidas profiláticas são saneamento básico melhores condições de vida, tanto residencial quanto alimentícia. A prima da minha amiga morreu porque naquele lago perto de sua casa, onde ela nadou, havia contaminação por esgoto. Isso nos mostra a nitidez da concentração de renda nas cidades, uma vez ela morando no interior do estado de São Paulo. Não estaria na hora, ou melhor, já não passou da hora de acabar com esses problemas ridículos, como o caso "Carlinhos Cachoeira", e os políticos gastarem um pouco dos seus preciosos tempos com problemas obviamente mais importantes? Tudo bem vai, temos de entender que eles necessitam de um tempinho para gastar a dinheirama que arrecadam às custas de nós, o povo brasileiro.

     Enquanto isso, estamos aqui. Muitos continuarão morrendo por causa dos maus cuidados com a água, com os alimentos, e com a péssima qualidade de vida do povo brasileiro além-SP.

     E para aqueles que esperavam um desfecho maravilhoso para este post, saiba que não o terão, pois não há desfecho para essa história, já que ainda tem muita gente interiorana para morrer.

     Esquistossomose mansônica: trata-se de uma parasitose cujo agente etiológico é o verme achatado da classe dos Trematodea, Schistosoma mansoni. Seu ciclo de vida tem início ao eclodir dos ovos encontrados nas fezes de um organismo infectado. Os ovos necessariamente estão na água doce e parada (lagos apenas. Rios e outras fontes de água corrente não costumam ser locais cuja proliferação é efetiva), eclodindo em larvas "Miracídio". Os trofozóitos têm vida livre natante, mas em um estágio de sua vida, necessitam de um hospedeiro intermediário para continuar o desenvolvimento. Assim sendo, hospedam-se em gastrópodes do gênero Biomphalaria spp., e assim desenvolvem-se em larvas "Cercária". As larvas cercária possuem uma "cauda" bifurcada e uma estrutura em seu escólex secretora de enzimas digestivas, as quais em contato com o tecido epitelial epidérmico, desgastam-no, abrindo diminutas feridas e ocasionando prurido na região. Assim entram em contato com a corrente sanguínea e podem se espalhar para o resto do corpo, como um câncer metastizante. Geralmente parasitam o sistema porta-hepático (conjunto de vasos sanguíneos que irrigam o fígado e regiões próximas) ocasionando grande processo inflamatório histamínico, acumulando linfa nos tecidos hepáticos e no baço, estabelecendo o quadro de hepatoesplenomegalia, característico pelo crescimento do abdômen, daí o nome popular barriga d'água. O tratamento é baseado na administração de anti-helmínticos, como Praziquantel e Invermectina, mas as sequelas muitas vezes são permanentes. Podem, em alguns casos, atingir os tecidos pulmonares, ocasionando tosse excessiva e também os vasos do tecido conjuntivo propriamente dito esofágico, como aconteceu com a prima da minha amiga, formando-se então um aneurisma e o possível rompimento dos vasos (a prima dela chegou a vomitar, junto de sangue, cepas de tecido endotelial, característico dos vasos sanguíneos). É uma parasitose bem agressiva.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Jogue Angry Birds contra o Alzheimer

   Nesta semana, após ler uma matéria na revista Popular Science, fiquei muito contente em perceber que quando jogo o famoso jogo de tablets, Angry Birds, meu tempo na verdade não é totalmente desperdiçado. Segundo a matéria, jogos que exigem foco são ótimos para a aprimoração da memória, para  a prevenção e adiação da doença de Alzheimer. Segundo os cientistas, jogar é cientificamente bom e impulsiona a atividade cognitiva.
   Uma pesquisa foi feita com 65 pessoas, sendo 10 portadores de Alzheimer, 11 voluntários jovens e os 44 restantes idosos. Os participantes foram entrevistados várias vezes durante seis anos a respeito de seus hábitos, além de serem submetidos a exames regulares de ressonância magnética.
   O objetivo era analisar as medidas cerebrais considerando a participação dos indivíduos em atividades cognitivas (leitura, escrita, jogos) e exercícios físicos de cada grupo. O resultado apontou que os participantes que estimulavam o cérebro com frequência realizando atividades que exigem foco, como jogar Angry Birds, resolver palavras cruzadas, ou jogar Sudoku, desenvolveram menos proteínas amiloides, causadoras do Alzheimer e das dificuldades de memória. Essa baixa produção afasta ou minimiza a doença e mantém o cérebro saudável por mais tempo.
   O resultado mostrou que os benefícios são independentes de condições de saúde e idade, sendo válido para os três grupos.
   A Associação Alzheimer declarou que o estudo contém alguns dados inovadores sobre possível relação entre fatores de risco controláveis e as mudanças cerebrais que apontam a doença de Alzheimer
   Portanto, caros leitores, se tiverem filhos e os pegarem distraindo-se com Angry Birds enquanto deveriam estar estudando, não os castiguem. Eles só estão cuidando da saúde. Fonte: O Estado de S.Paulo

Não Pára

Depois que começa é dificil querer parar
Geriatras atacam uso de antioxidante e hormonio contra envelhecimento
Estava eu hoje lendo jornal quando me deparo com essa matéria. Pensei: já estava mais do que na hora! Não se engane, eu também quero envelhecer com saúde, mas não farei de tudo para isso, me atarei a práticas já bastante fundamentadas, como exercícios físicos, alimentação equilibrada, sexo, risada e animalzinho de estimação. Essa história de ficar se enchendo de substâncias com o argumento "mal não faz" é perigosa demais pro meu gosto. Vide esse ótimo artigo, que você pode ler aqui, falando sobre os riscos de uma hipervitaminose de vitamina E. Tá certo que de vez em quando essas manchetes jornalísticas dão uma certa apelada, mas eu tenho senso crítico, li uma reportagem sobre a última resolução para a ortomolecular, você pode ver um ótimo comentário do RNAm aqui, e percebi que eles deram um exageradinha quando falaram que o risco de câncer existia, pois ele é muito baixo, mas só de existir já não compensa. Cuidado com o argumento da autoridade, não é só porque um grupo de médicos disse, que isso é verdade, valendo pros dois lados, mas quando uma prática que não traz benefícios comprovados pode prejudicar comprovadamente ela deve ser tratada com todo o cuidado possível. E é isso que sabiamente o conselho de medicina está discutindo.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Faxineiro Cerebral

Bexarotene in alzheimer's treatment - Scientific American

Eu já escrevi sobre o Alzheimer aqui, e tratemos essa revelação que vos farei agora, como um complemento.




Um pouco defasado aqui, mas foi publicado um estudo (e seus resultados, obviamente) na revista "Science", edição de fevereiro de 2012.

Sabemos que o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que se enquadra na classe das demências, correspondendo a cerca de 50% dos casos, sendo a outra metade composta pelo Parkinson ou a também frequente demência senil, dentre algumas outras.

Sua dinâmica é mal compreendida ainda, mas a fisiologia já está em nosso conhecimento, através de técnicas de necrópsia cerebral (como a da foto). Trata-se do acúmulo de placas de proteínas beta-amiloide e neurofibrilas de uma proteína denominada T (tau - do grego), ocasionando perda de sensibilidade (ou receptores de colinesterases, no termo técnico) a um neurotransmissor que tem forte atuação nas atividades cognitivo-intelectuais, a acetilcolina. A causa dessas mudanças fisiológicas estão associadas à idade e herança genética.

Os sintomas são bem conhecidos, até pelos mais leigos. Perda de memória, desinteresse nas atividades e acontecimentos cotidianos, dificuldade de aprendizado e em casos mais graves, dificuldades na adaptação social e impossibilidade de realizar atividades rotineiras, como tomar banho ou segurar os talheres, por exemplo.

A promessa da vez é um fármaco antigo, 13 anos de uso, mas utilizado no tratamento de cânceres, como os linfomas que acomentem a pele, assim como melanomas. Seu nome é bexaroteno.

Estudos realizados pela Universidade da Reserva de Case Western (Cleveland, Estados Unidos) mostraram que este fármaco atua concomitantemente com a Apolipoproteína E (ApoE), carreadora de colesterol (colesterol não é vilão! Veja isso aqui) para manutenção das bainhas de mielina - placas de gorduras essenciais para a condução dos impulsos nervosos nos axônios neuronais -, formando um complexo ApoE-Bexaroteno que, ao chegar ao cérebro, "limpa" as fibrinas de beta-amiloide numa velocidade impressionante, removendo cerca de 75% destas fibrinas em 3 dias.

O estudo foi feito em ratos (Rattus rattus) em laboratório, e teve como resultado a recuperação da capacidade de realizar determinadas tarefas antes impossibilitadas pela demência. Mas uma ressalva é importante: alzheimer em ratos é diferente, em alguns aspectos, do alzheimer humano. Porém, o bexaroteno não é maléfico ao homem, e os testes com humanos começarão em breve.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Beleza em Fundo Branco

Criaturas
&
Pássaros
Esse fotógrafo é demais, pra fazer fotos dos animais em fundo branco, e criar obras que mais parecem pintadas, ele contrata adestradores e faz com que os animais fiquem a vontade e cedam poses das mais legais. Esse aqui me foi indicado pelo meu amigo Dilermando Pesci, também biólogo, que já indicou outras postagens aqui. Não tenho muito o que falar, dá uma olhada na amostra do trabalho aqui embaixo e não deixe de ver todas as fotos dele, são inesquecíveis

domingo, 13 de maio de 2012

Chagas

Doença de Chagas
Já falei sobre doença de Chagas aqui, mas o que eu achei legal desse site é que ele está hospedado na Fiocruz, e não há melhor lugar para estar, afinal o Chagas foi o aluno mais famoso do Oswaldo Cruz, e nada mais justo que o site seja o mais completo e bem feito possível. Então trate de gastar um pouco do seu precioso tempo para ler um pouco da história e se inteirar mais sobre a primeira doença desvendada totalmente por um brasileiro.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Janela da Alma

Sistema de navegação da água viva Cubozoa
O post em si é muito bom, o blog então melhor ainda, o autor tem como assunto os olhos, esses órgãos maravilhosos que sabem utilizar a capacidade de reflexão da luz para que nos orientemos nesse mundão. Quem me falou desse olho complexo em uma água viva foi a Cybelle Manzzi, professora de biologia que trabalha comigo e que também gosta dessas maravilhas. É, água viva pode ter olho sim, mas a maioria delas possui olhos muitos simples, bem diferentes dos nossos. Essas águas vivas em questão possuem olhos parecidos com os nossos e se guiam observando as plantas ao redor, para encontrar o melhor lugar para se alimentar, pelo menos é o que parece. Não se sabe exatamente como é feito o controle nervoso de tal maravilha, mas de algum jeito isso é feito, vamos ver o que mais a turma de cientistas consegue descobrir, essa já foi uma grande descoberta. Aproveite

Esse morceguinho ainda não tem olho

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Fisiologia do Stress

Relationship between stress and cancer - National Institute of Cancer (USA)



Ser, estar, permanecer, seja lá qual verbo se encaixa ao seu individual, muitas vezes o predicativo é o “stress”. Não importa se é estressado, está estressado ou permanece estressado, sempre o stress e suas sequelas acabam por aparecer no nosso cotidiano.
Tornou-se quase um axioma a permanência do stress no dia-a-dia. No trabalho, na escola, na faculdade ou muitas vezes até na própria família, problemas vão e vêm, e lidar com os problemas nunca é agradável, pelo contrário, é estressante.

Mas o que é o stress? Ele nos faz mal?

O stress pode ser dividido em duas vertentes: a psicológica e a fisiológica. Uma está intrínseca na outra, desencadeando uma série de reações bioquímicas que são mediadas por hormônios de natureza esteróide, como os corticóides por exemplo.
O cortisol é o principal agente causador do stress, todavia, não é um vilão ao organismo. Este hormônio corticóide é produzido pela zona fasciculata do córtex (região mais superficial) das glândula adrenais, situadas bem acima dos rins. Seu moderador por feedback negativo é um hormônio adenoipofisiário denominado hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que por sua vez é moderado por um outro hormônio, produzido no hipotálamo, denomidado hormônio liberador de corticotrofina (CRH).

A priori, o cortisol tem efeito benéfico ao organismo, uma vez sendo responsável por um efeito acentuado catabólico (ou mesmo anti-anabólico). Assim sendo, em uma condição de stress, o cortisol estimula a respiração celular, assim como a quebra de proteínas, transformando-as analogamente em carboidratos, macronutrientes responsáveis pela obtenção de energia nos tecidos. Concomitantemente, o sistema nervoso autônomo simpático (SNAS), através de mediadores hormonais como a norepinefrina e epinefrina, regula a fisiologia do corpo para condições de stress (interpretado pelo cérebro como uma condição de esforço físico), aumentando a frequência cardíaca, consequentemente a pressão sanguínea (taquicardia),  os estímulos involuntários do diafragma, aumentando a frequência respiratória, a dilatação das pupilas, oxigenação dos músculos e captação de oxigênio pelas mioglobinas, dentre outros processos fisiológicos.
Assim temos uma correlação entre as duas vertentes do stress: o problema em questão sem solução, que psicosomaticamente, pelo stress, induz a está série de processos bioquímicos dito anteriormente. Consequência: ficamos irritados. Mas por quê? Nosso corpo está se preparando para um esforço físico altamente energético, inibindo todas as outras funções de anabolismo do corpo (como a síntese proteica),  e nós não estamos submetidos a este esforço físico, pelo contrário, estamos apenas com um problema em nossa frente, cuja solução muitas vezes dependerá de algumas horas pensando ou escrevendo, implantado em uma cadeira.

Pode-se chegar à conclusão facilmente de que o cortisol então é benéfico ao corpo, já que o prepara para condições em que o esforço físico será necessário, e sem ele não haveria catabolismo de substâncias energéticas quando estas estão em carência.
Embora o efeito seja realmente benéfico, o stress crônico, ou seja, aquele que as namoradas sempre têm (aquele que não vai embora nunca sabe?), pode causar muitos problemas, dentre eles a hipoglicemia, a metilação das moléculas de DNA, a imunosupressão (pois o cortisol inibe os processos inflamatórios e a resposta imunológica), a fadiga crônica, dentre outros problemas.

Em resumo, o stress crônico ou longevo pode acarretar à imunodeficiência, deixando o indivíduo mais sucetível às incursões de antígenos patogênicos (o estressado crônico quase sempre fica doente), e em casos mais graves, os estudos da epigenética mostraram que a metilação das moléculas de DNA pelo excesso de cortisol (não somente) pode gerar câncer, assim como o corpo, uma vez imunodeprimido, está sujeito às infecções virais que podem vir ocasionar o câncer, como o Sarcoma de Kaposi. Portanto, o psicológico é muito importante, e atividades de lazer são extrememente recomendadas, até aos mais radicais, que só pensam no trabalho.
Ausência de cortisol é ruim, o excesso também. Uma das doenças que afetam a produção de cortisol é a Doença de Addison, na qual o enfermo, em casos mais amenos da condição, sofre depressão, nessecidade de ingerir sal, e sofre uma diminuição no limiar de convulsões, ou seja, podem sofrer convulsões. Em casos graves, o estado vegetativo, coma ou até o óbito são possíveis. As causas dessa doença muitas vezes estão vinculadas aos tumores metastizantes, sendo eles o adrenocarcinoma nas glândulas adrenais, desestabilizando diretamente a produção dos hormônios oriundos desta glândula, ou mesmo glioma nas células hipofisiárias, desestabilizando ou a recepção de CRH ou a sintetização de ACTH, consequentemente gerando problemas na produção de hormônios adrenais.

Então não saia por aí querendo fazer uma adrenalectomia para ser uma pessoa mais feliz e menos estressada. Basta apenas repensar alguns ideais árcades, como o Carpe diem e o Aurea mediocritas, e viver a vida, encher o saco dos outros, principalmente das namoradas: em homenagem à minha, Srta. Mariana Hernandez Fioravante, vulgo Srta. Cortisol.


Guerras Biológicas

Avian influenza virus, computer artwork

     A revista Nature publicou o primeiro de dois artigos controversos, sobre formas geneticamente modificadas em laboratório do vírus da gripe aviária. A publicação das pesquisas gerou temor em especialistas americanos de biossegurança, que levantaram a possibilidade das informações serem utilizadas para a confecção de armas biológicas.

     A gripe aviária possui um alto grau de letalidade em humanos, contudo ainda não foram descobertas na natureza formas do vírus que possam ser transmitidas de forma eficiente entre mamíferos, ou seja, entre humanos, o que aumentaria significadamente os danos causados pelo vírus. Em geral, a doença afeta pessoas que entraram em contato com aves infectadas pelo vírus conhecido como H5N1.
     A possibilidade da criação de possíveis armas biológicas deve-se a pequenos estudos, que comprovaram que pequenas mutações genéticas poderiam mudar o perfil de transmissão do vírus. Eles demonstraram que furões, que é um pequeno mamífero dotado de sistema respiratório parecido com o humano, não só contraíam a doença como também eram capazes de transmiti-la a animais da mesma espécie.
     Há uma grande omissão dos fatos por ser um assunto de muita polêmica. Além da modificação genética do vírus trazer guerras biológicas, tudo me leva a pensar que nada impede o fato dessa nova tecnologia ser utilizada pela indústria farmacêutica, como estratégia para o usufruto de maiores lucros por decorrência da desgraça humana.

Fonte: O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Veteranos e Danos Cerebrais

Encefalopatia traumática crônica em um veterano da guerra do Iraque com estresse pós traumático que cometeu suicídio
Pois bem, depois de quase dois meses de merecidas férias volte eu a escrever aqui. Vou contar que estava com uma baita de uma preguiça mas um dos meus alunos me deu novo ânimo. Foi o Rodrigo Oliveira, aluno de 3º ano, que estará em breve numa ótima universidade e que decidiu que iria escrever, o texto dele corre logo abaixo (Valeu, Rodrigo). Esse novo ânimo veio porque eu estava achando que ninguém estava afim de usar esse bendito canal (que já está chegando a 50.000 visualizações) de divulgação que eu me esforcei tanto para que existisse. O convite continua em pé para todos aqueles que eu conheço, sejam amigos ou alunos, que estejam com vontade de divulgar ciência.. Para aprimorar o texto do Rodrigo vai aqui um link com um vídeo sobre um instituto bostoniano (de Boston) para o estudo da doença, e aqui um site que auxilia os doentes a terem uma vida melhor e também ensina como prevenir os danos cerebrais. Vamos ver se eu animo de vez e posto pelo menos uma vez por semana.


Depois de voltar da guerra do Iraque, um ex-fuzileiro naval norte-americano descobriu-se incapaz de recordar conversas, datas e rotinas da vida diária. Tornou-se irritadiço, gritava com os filhos, e se afastou da família. Ele e a mulher começaram o procedimento para o divórcio. O Departamento de Assuntos de Veteranos o diagnosticou com distúrbio de estresse pós-traumático, ou DEBT. Quando seus pais ficaram sem notícias dele por dois dias, pediram à polícia que o procurasse. Os policiais encontraram o seu corpo, ele se havia enforcado com um cinto.
Essa história é lamentavelmente comum, mas a autópsia do cérebro desse jovem revelou uma coisa chocante que pode lançar a luz sobre a epidemia de suicídios e outros distúrbios experimentados por veteranos de guerras no Iraque e no Afeganistão. Seu cérebro havia sido fisicamente alterado por uma doença chamada encefalopatia traumática crônica, ou ETC. Essa é uma condição degenerativa mais conhecida por afetar boxeadores, jogadores de futebol americano e outros atletas que recebem repetidas pancadas na cabeça.
Em pessoas com ETC, uma forma anormal de uma proteína se acumula e acaba destruindo células por todo o cérebro, incluindo nos lobos frontal e temporal, que são áreas que regulam o controle de impulsos, o juízo, a capacidade de realizar muitas tarefas simultaneamente, a memória e as emoções. As explosões de bombas ou granadas poderiam ter um efeito catastrófico semelhante aos de concussões repetidas nos esportes.
O DEBT em um contingente de alto risco, como veteranos de guerra poderia ser, na verdade, é uma doença física e decorrente de um dano cerebral permanente, e não uma doença psicológica.
A descoberta do ETC em veteranos pode ser extremamente importante. Infelizmente, também poderia sugerir que o pior ainda está por vir, pois o ETC tipicamente se desenvolve no meio da vida, décadas após a exposição.
Fonte: Celso Paciornik
Rodrigo Oliveira (hollanda.oliveira@hotmail.com)