segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Maravilhas do Mistério da Maternidade

Aborto, espiritismo e homeopatia - Drauzio Varella
O que me fascina no caso desse médico não é o fato do que ele pensa per se, mas quem ele é para a sociedade brasileira, pensando o que pensa, ele é um médico famoso, respeitado, que faz programa em horário nobre na TV, e mesmo assim se declara ateu, a favor da legalização do aborto, descrente no espiritismo e, ainda por cima, diz que medicina alternativa é um assunto imcompreensível para ele. Quer dizer que ele vai contra o que a maioria da população acredita e ainda assim é famoso. Pra mim ele é uma total contradição, eu não consigo entender como é que pode, não sei se as pessoas não conseguem perceber que ele pensa tudo isso, ele é um bom orador e escritor, ou se as pessoas só ouvem o que lhes interessa e "permitem" que ele pense o que quiser, contanto que ele as ajude a entender um pouco mais da própria saúde. Dr. Drauzio e sua relação com a sociedade brasileira merecia um estudo sociológico dos mais profundos, com os resultados nós entenderíamos mais do até onde chega a ignorância da nossa sociedade, é, infelizmente a sociedade brasileira é ignorante de conhecimentos básicos, falo daqueles de que todos os integrantes da comunidade deveriam ter conhecimento, nem entro no aspecto de ideias aprofundadas sobre determinados assuntos. O link ai de cima leva para um trecho de uma entrevista que ele deu para o Roda Viva da Cultura, assista. A discussão que proponho está mais embaixo: quando todos os brasileiros terão acesso a educação básica, quando todos poderão acessar esse site e entender do que estou falando (nem eu entendo direito, e olha que eu estudei) e que poderão discutir de igual para igual, no aspecto de capacidade de raciocínio, com um médico, um advogado ou quem quer que seja?

"Não entendi nada do que ele falou"

5 comentários:

Mary Pavan disse...

Meu amor, eu posso falar por mim: eu NÃO sabia que ele pensava dessa forma...

Vinícius Camargo Penteado disse...

Eu já imaginava, ele se mostra uma pessoa bem esclarecida.
Um beijo
Brigado pela visita :)

Gustavo Lepore disse...

Olha, eu tenho o maior respeito por todos os pontos de vista possíveis, e posso escutar tudo o que me disserem para defender estes pontos de vista, mas eu compartilho dessas mesmas ideias as quais ele (Drauzio Varella) expôs. E não é por causa do Drauzio Varella em si, ou pelo fato de eu querer ser médico, mas para mim é a pura e bruta verdade. Ciência é ciência, não é perfeita (ainda), mas salva muito mais pessoas através de fatos científicos e evidências do que a religião, quando uma pessoa que supostamente volta a enxergar porque ficou 48h seguidas rezando.
Em relação ao aborto, realmente é uma violência enorme contra as mulheres, elas não merecem isso, mas vale frisar que em alguns países o aborto é legalmente permitido, e em outros apenas em caso de violência sexual, mas no Brasil, algo não permite de maneira alguma nem a prática benéfica a longo prazo (na minha opinião) de um aborto com acompanhamento profissional adequado quando este tipo de violência ocorre. Os seguidores de Malthus diziam que um país pobre é um país populoso e sem planejamento, e de certa forma isso é verdade. Junto ao combate ao crime nos morros do Rio ou aqui mesmo em São Paulo, por quê não crescem os grupos de ajuda social, para que sejam esclarecidas todas as consequências de uma gravidez imatura, e também como previní-la? Assim a consciência fará efeito e as pessoas necessitadas receberão a devida ajuda e não sofrerão tanto quando têm aquele monte de filhos, e ainda por cima evita-se aqueles absurdos de encontrar crianças no lixo, ou largadas na chuva. Pensar não faz mal, pelo contrário, mas infelizmente a religião e o governo não ajudam. O pessoal da USP já faz isso, eles tentam se homogeneizar nas sociedades desprivilegiadas e estudá-las, para aumentar a qualidade de vida das mesmas.
Quanto a Homeopatia, sou extremamente curioso quanto ao "efeito placebo" e apóio com vigor aqueles que exploram esta área. A única coisa que o pessoal da medicina alternativa não deve saber é que, quando eles souberem o que realmente acontece, não vai mais funcionar (para eles). É como uma simpatia, quando a gente se machucava quando crianças, dávamos três pulos e parava de doer. Hoje não é mais assim, sabemos que a dor é algo fisiológico bem mais complexo e dar três pulos não ajudará em nada.
Eu li o livro ao qual ele indiretamente se refere quando fala de Galeno e Andreas Vesalius, tal livro chama-se "As dez maiores descobertas da medicina", e vemos o porquê da idade média ter sido chamada de idade das trevas. A igreja pregava as palavras de Galeno como religiosamente corretas, e qualquer contesto, a santa inquisição aguardaria o contestador. Apenas com Vesalius, que foi médico de Luis XIV, a ciência se agregou definitivamente à medicina. Ele ficava no cemitérios em busca dos ossos dos cadáveres, e fazia autópsias em pessoas vivas consideradas bruxas, pois julgavam que não sentiam dor. Assim (cruelmente) de fato a medicina cresceu exacerbadamente, e deu base para outros estudos como os de Edward Harvey (vacinação) e Crawford Long (anestesia cirúrgica), sem os quais MUUUUUUITAS pessoas estariam mortas hoje. É a verdade pura e bruta.

Não sei se foi certo eu ter dito tudo isso aqui, mas foi bom saber que algum brasileiro pensa assim. É meio como não se sentir sozinho no meio da multidão te vaiando... é, mais ou menos isso mesmo. Viva a ciência!

Abraço professor!

Vinícius Camargo Penteado disse...

Gostei Gustavo
Famoso comentário post like
O que eu acho muito legal em você é que você já leu bastante pra sua idade, você já tem uma boa argumentação e ela só crescerá em qualidade
Já falei que eu fico orgulhoso de ter sido seu professor
Continue firme no ramo da argumentação e defenda mesmo suas ideias.
Abraços

Gustavo Lepore disse...

Ah professor, nada melhor do que pegar uma xícara de café e ler até os olhos sangrarem... :D
E obrigado pelo elogio, mas não se esqueça que se reconhece um bom mestre pelo bom discípulo (palavras do professor João Alexandre! haha!), então eu devo agradecer você! Obrigado!

Um abraço professor!