Há uma semana um dos meus alunos, o Lucas Alves, me perguntou se eu conhecia a "água viva imortal" da qual ele tinha ouvido falar, na hora ele não soube me explicar direito exatamente como o processo funcionava pois não lembrava, eu também não lembrava de já ter lido sobre o assunto (se tem uma parte da Biologia que é difícil é se interar sobre a história natural das milhares de espécies fascinantes que existem, acredite, quase que semanalmente eu descubro uma espécie nova interessante). E qual não foi minha surpresa quando, nessa semana, o Gustavo Lepore (que agora nem chamo mais de ex aluno, virou um colaborador oficial) me mandou um outro texto falando exatamente da dita. O processo está discutido adiante pelo Gustavo e você pode ler no link, e ele me lembra muito uma especialidade das células vegetais, estas possuem a capacidade de regredirem até estágios iniciais de desenvolvimento, isso pode estar acontecendo agora mesmo na planta ai do seu lado. O doido disso tudo é encontrar a mesma capacidade em um animal. Leia e se divirta.
Essa não é a dita cuja, mas achei a foto bonita |
Imortalidade: possível? Uma pergunta que com certeza
já pairou sobre seu mundo das idéias, com toda certeza. E não é à toa que este
tema fascine tanto, afinal, quem não gostaria de estar aqui para ver como o
mundo será em 2500? Ainda mais com esse avanço exponencial da tecnologia.
Então, saindo um pouco das maravilhas da medicina e indo
um pouco para as maravilhas da biologia, este post é dedicado a um ser
extremamente pequeno (aproximadamente 4mm) e que consegue realizar um incrível
processo, denominado transdiferenciação (o mesmo das células-tronco), pelo qual
este ser consegue tornar-se jovem depois de tornar-se sexualmente maduro. Legal
não é?
Esse ser é um hidrozoário
(filo Cnidaria), mais precisamente uma água viva cujo nome científico é Turritopsis
nutricula.
Em geral, esses seres
realizam um processo reprodutivo denominado alternância de gerações, ou mesmo
metagênese, que consiste no seguinte: duas águas-vivas de sexos diferentes,
liberam gametas na água e estes fecundam, dando origem a uma larva denominada
“larva plânula”, que se alimenta dos nutrientes que estão à deriva no mar. Ao
adquirir uma certa massa corpórea, essa larva acaba afundando e se fixando no
substrato do assoalho oceânico, formando os pólipos, que são estruturas
corriqueiramente parecidas com pequenas algas. Uma vez pólipo, por reprodução
assexuada (mitoses) há a formação de novas medusas, e assim continua o ciclo.
Esse ciclo representa o ciclo
de vida de águas-vivas em geral. O que acontece de diferente nessas águas-vivas
imortais é que no momento em que elas amadurecem sexualmente, ou seja, quando
são medusas crescidinhas, suas células sofrem o processo de transdiferenciação
e voltam a ser células de pólipo. Resumindo, a água-viva volta a ser criança
depois de atingir a “puberdade”. Assim, biologicamente falando, elas vivem ad
infinitum.
A grande preocupação que vem
a seguir é o porquê dessas águas-vivas não terem ainda dominado o mundo.
Acontece que elas são alvo de muitos outros predadores, e isso mantém o
controle populacional dessa espécie. E o mais legal é que podemos encontrar
elas em quaisquer lugares do oceano que tenha condições favoráveis, pois elas
se expandiram pelo mundo todo através dos tempos, com as grandes navegações dos
séculos XIV e XV, e ainda se espalham por aí, nas nossas embarcações colossais
e atuais.
Agora vamos à luta para conseguir fazer um
processo análogo com humanos, assim seremos obrigados a arranjar um jeito de ir
para Marte, produzir água e o melhor: nossos queridos ônibus espaciais terão de
voltar a funcionar!Gustavo Lepore (anakin_lepore@hotmail.com)
Um comentário:
tambem achei a foto muito bonita
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