quarta-feira, 16 de maio de 2012

Faxineiro Cerebral

Bexarotene in alzheimer's treatment - Scientific American

Eu já escrevi sobre o Alzheimer aqui, e tratemos essa revelação que vos farei agora, como um complemento.




Um pouco defasado aqui, mas foi publicado um estudo (e seus resultados, obviamente) na revista "Science", edição de fevereiro de 2012.

Sabemos que o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que se enquadra na classe das demências, correspondendo a cerca de 50% dos casos, sendo a outra metade composta pelo Parkinson ou a também frequente demência senil, dentre algumas outras.

Sua dinâmica é mal compreendida ainda, mas a fisiologia já está em nosso conhecimento, através de técnicas de necrópsia cerebral (como a da foto). Trata-se do acúmulo de placas de proteínas beta-amiloide e neurofibrilas de uma proteína denominada T (tau - do grego), ocasionando perda de sensibilidade (ou receptores de colinesterases, no termo técnico) a um neurotransmissor que tem forte atuação nas atividades cognitivo-intelectuais, a acetilcolina. A causa dessas mudanças fisiológicas estão associadas à idade e herança genética.

Os sintomas são bem conhecidos, até pelos mais leigos. Perda de memória, desinteresse nas atividades e acontecimentos cotidianos, dificuldade de aprendizado e em casos mais graves, dificuldades na adaptação social e impossibilidade de realizar atividades rotineiras, como tomar banho ou segurar os talheres, por exemplo.

A promessa da vez é um fármaco antigo, 13 anos de uso, mas utilizado no tratamento de cânceres, como os linfomas que acomentem a pele, assim como melanomas. Seu nome é bexaroteno.

Estudos realizados pela Universidade da Reserva de Case Western (Cleveland, Estados Unidos) mostraram que este fármaco atua concomitantemente com a Apolipoproteína E (ApoE), carreadora de colesterol (colesterol não é vilão! Veja isso aqui) para manutenção das bainhas de mielina - placas de gorduras essenciais para a condução dos impulsos nervosos nos axônios neuronais -, formando um complexo ApoE-Bexaroteno que, ao chegar ao cérebro, "limpa" as fibrinas de beta-amiloide numa velocidade impressionante, removendo cerca de 75% destas fibrinas em 3 dias.

O estudo foi feito em ratos (Rattus rattus) em laboratório, e teve como resultado a recuperação da capacidade de realizar determinadas tarefas antes impossibilitadas pela demência. Mas uma ressalva é importante: alzheimer em ratos é diferente, em alguns aspectos, do alzheimer humano. Porém, o bexaroteno não é maléfico ao homem, e os testes com humanos começarão em breve.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ola bom dia..minha mae esta em estado acelerado de demencia a 5 anos, por favor se tem solucao, que as coisas sejam rapidas. E muito triste isso, fico deprimido quando vejo no estado que ela se encontra, e nao sou so eu, sao milhares de pessoas na mesma situacao, nao podemos esperar, essas pessoas trabalharam a vida todo,nao merecem chegar no final da vida nesta situacao..obrigado

Gustavo Lepore disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gustavo Lepore disse...

Olá anônimo. Realmente, as doenças neurodegerenativas estão tornando-se mais comuns entre os cidadãos brasileiros, justamente por serem oriundas de uma causa genética, o que gera uma tendência a aumentar ainda mais o número de pessoas acometidas por essas doenças.

Contudo, para estipularem uma cura efetiva, é necessário perfurar uma camada burocrática muito espessa , sendo ela composta pela OMS e pelos orgãos de saúde regionais.

O bexaroteno vem a mais de 13 anos mostrando-se eficaz no tratamento de cânceres, e em ratos, mostrou-se eficaz também na diminuição dos sintomas do Alzheimer em ratos, o que já é muito bom, porém não é suficiente.

Aconselho então, a você tomar os devidos cuidados com sua mãe, levando-a ao médico regularmente e realizando os tratamentos convencionais que se mostram muito eficazes, mas não são a cura.

Continue acompanhando o blog, pois em breve publicarei mais artigos e pesquisas sobre as demências, e possivelmente novidades que podem ser de bom uso a você e a sua mãe.