E não é que o Gustavo está se aprimorando na arte de produzir textos, esse de hoje está ótimo. Ele se baseou nesse artigo bem interessante que liga a capacidade de interpretação cerebral dos sons com a presença do estrógeno como neurotransmissor, isso mesmo, aquela mesma molécula que existe em alguma pílulas anticoncepcionais. O texto está aí embaixo, aproveite.
Os famosos tentilhões do Darwin |
Você já se perguntou por quê nós, humanos, nos sentimos atraídos por um indivíduo do sexo oposto, cujas características fenotípicas nos agradam? Pois é, isto se chama “libido” e está na natureza desde tempos remotos. A libido é uma característica hormonal, cuja função é encher nosso cérebro de serotonina e endorfina quando presenciamos uma pessoa que nos agrada, conferindo-nos instintivamente a vontade de disseminar nossos genes (um jeito meio chique de falar de sexo).
Nossos
antepassados, e ainda várias espécies atuais, dos vários filos do reino Animal,
praticavam e praticam rituais que estimulam sexualmente o parceiro, através de
cantos, movimentos e brigas sanguinárias entre machos. Assim a fêmea pode
escolher aquele macho que tem as características mais acentuadas para o coito,
e consequentemente essas características se expressarão no genótipo da prole,
que também será bem sucedida. É a incrível manipulação da seleção natural:
perpetuam-se os mais aptos.
Como havia dito, o canto dos machos, hoje bem corroborado
nas aves, sempre foi minuciosamente escutado e analisado pelas fêmeas, e isso
abre um mundo de ideias para entender como isso ocorre e o porquê.
Então, como
já era suspeito, um grupo de neurocientistas do instituto de Ciências da Saúde
da Universidade de Rochester (EUA) descobriram essa incrível relação:
estrogênio e audição.
Então
podemos concluir, que nas fêmeas da nossa espécie, nas quais a concentração de
estrogênio é bem maior que nos homens, a audição seja mais aguçada. Então
podemos associar vários fatores a isto: podemos perceber que mulheres, que
foram submetidas a retirada de útero e ovários pelo câncer de colo de útero
(Mioma) tendem a ter uma queda expressiva na sensibilidade auditiva, assim como
as mulheres que sofrem da síndrome de Turner (com um cromossomo X, ao invés de
dois) que apresentam como uma das características principais da síndrome o
déficit auditivo.
Mas
seguindo este raciocínio, e os homens? Bom, o estrogênio age de duas maneiras:
na mulher reorganiza o endométrio uterino para uma eventual gravidez e conferi
características femininas. Nos homens, o estrogênio é produzido diretamente nas
células nervosas (neurônios) e nos tecidos adiposos, por uma série de reações
químicas que levam o estradiol a se tornar estrogênio. A atuação deste hormônio
nos dois sexos é semelhante quando se trata de audição.
Mas e
agora? Vamos injetar estrogênio no cérebro de pessoas com déficit auditivo e
elas voltam a escutar?
Não.
Infelizmente nas ciências biológicas nada é tão fácil. Ao injetarmos estrogênio
no cérebro de homens e mulheres, o risco de um câncer maligno surgir é grande,
e além de tudo, em homens, ao injetar estrogênio, eles podem vir,
fenotipicamente falando, a desenvolver características femininas. Porém, os
estudos continuam.
Agora
reflita: se as mulheres são projetadas pela natureza para nos ouvir bem, por
quê elas falam tanto e nós homens “ouvimos” tanto? Hahaha!
Gustavo Lepore (anakin_lepore@hotmail.com)
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