Mais um dos posts do Gustavo, esse falando sobre o uso de doses adicionais de hormônios artificiais sem que haja uma doença carencial que exija esse tratamento. A utilização dos mesmos é feita para se obter rapidamente um efeito exagerado de ganho muscular, daria pra se escrever um tratado sobre o assunto, tem tanto aluno que pergunta sobre isso para mim que eu estou tentado em escrever um texto bom sobre o tema, acabei de fazer uma pesquisa rápida e percebi que é muito difícil encontrar na internet algo que exponha claramente os possíveis danos que esse "tratamento" pode causar. A maioria dos textos estão expostos em sites que vendem suplementos, eles dizem que anabolizantes fazem mal mas são muito pouco convincentes. Mulher gosta é de jantar fora, de receber um bom presente, de ser mimada e tratada com carinho, mesmo que você não seja o reizinho dos músculos. Pegue esse dinheiro que você está gastando em suplementos e afins e compre um belo presente pra sua namorada, garanto que ela vai gostar 10 vezes mais do que um musculinho inchado no braço. O texto está ai embaixo, e ali em cima você é direcionado para um post sobre um trabalho recente que mostra um risco real de danos devido ao uso de anabolizantes.
Se o cidadão ganha a vida com isso, por que não? |
"Alguns dias eu fui atrás de uma academia, para ver se
engrosso um pouco minhas artérias coronarianas e fazer companhia para minha
mãe, que quer começar a frequentar também. Lá tive contato com alguns clientes
excessivamente musculosos, e consequentemente com extremidades faciais, como
queixo, orelhas e nariz, um tanto avantajadas.
Deu então para perceber que
os clientes usufruem de um método nada apropriado para adquirir massa muscular:
o uso de esteróides e outros hormônios.
Não há um ser neste mundo que
não almeje um corpo de um deus grego, então muitos recorrem a estas
substâncias, que são julgadas milagrosas. Acontece que muitos não sabem
(incluindo a maioria dos que usam estas substâncias) o desequilíbrio que estão
proporcionando aos seus respectivos corpos.
Nosso corpo é controlado por
reações rápidas, que são proporcionadas pelo cérebro através de
neurotransmissores, e reações de longo prazo, que são proporcionadas pelas
nossas glândulas endócrinas (como a pituitária no cérebro, a pineal, a
tireóide, as adrenais, as gônadas sexuais, etc.) através de hormônios que
controlam nosso metabolismo, a concentração de substâncias no nosso sangue, nas
nossas células, a nossa estatura e até nossas características sexuais, como
exemplo os homens, que têm ombros largos e as mulheres, que têm os quadris
largos pela grande deposição de gorduras nesta região.
Tudo isso ocorre
perfeitamente no nosso organismo e tudo têm um por quê.
Mas o que isso está vinculado
com a estética, que é o objetivo do uso destas substâncias pelos clientes das
academias e também por pessoas que querem emagrecer?
A relação é simples. O caso
mais comum é o de pessoas que querem emagrecer e recorrem ao seu
endocrinologista. Este, por sua vez, receita um hormônio denominado TRIIODOTIRONINA
(T3) ou TETRAIODOTIRONINA (T4) ou mesmo TIROXINA (pronto,
agora é o momento em que você corre para ver sua receita do remédio de
emagrecimento). Este hormônio é produzido naturalmente pela glândula tireóide e
regula o seu metabolismo, ou seja, quanto mais deste hormônio você tiver, mais
energia você gastará e mais peso você perderá. Acontece que as pessoas tomam
este remédio e muitas vezes não dão atenção às consequências rotuladas pelo
endocrinologista, que geralmente são: tomar doses pequenas e quando o remédio
acabar, não parar de tomar diretamente, mas ir diminuindo as doses até não
precisar mais de nada. Isto se deve ao fato de que seu corpo para de produzir
naturalmente estes hormônios pelo excesso que o corpo detecta por causa do
remédio, e quando o remédio acabar, até sua glândula mãe, a pituitária (ou
hipófise), perceber e começar a secretar um outro hormônio para estimular a
tireóide (TSH – hormônio tireotrófico) levará um tempo, e o paciente corre o
risco de ter sua taxa metabólica baixada a ponto de sofrer uma síncope
(desmaio). Bem perigoso.
Já os famosos esteróides são
hormônios sexuais produzidos pelas gônadas sexuais (ovários e testículos). A
testosterona é o principal hormônio sexual masculino e é produzido em células
denominadas “Células de Leydig”, as quais se encontram nos testículos do homem.
Este hormônio esteróide tem a função de moldar o corpo do homem, dentre estes
moldes está o grande desenvolvimento dos músculos, o que atrai aqueles que querem
um corpo bem “forte” e bonito. Estes então decidem tomar doses deste hormônio,
mesmo tendo as glândulas que o produzem (pois geralmente são homens). O excesso
então deste hormônio faz com que os músculos cresçam bastante, mas também faz
com que a glândula pituitária, lá no cérebro, pare de estimular a produção
deste hormônio naturalmente por um processo denominado feedback negativo
ou retroalimentação (processo semelhante com o que acontece com a
tireóide, dito acima). Resultado, o homem não produz mais naturalmente os seus
hormônios sexuais enquanto o indivíduo estiver usufruindo deste hormônio
artificialmente.
“Ah, mas qual o problema
disto?”. O homem perderá seu fluxo de sangue nos corpos cavernosos e esponjoso
do pênis, ou seja, ele perde a capacidade de ereção e fica impotente por um bom
tempo, até a sua pituitária começar a produzir o hormônio FSH novamente, o que
estimulará as células de Leydig a produzirem testosterona novamente.
Confuso, não? Mas tem lógica,
afinal, tem mulheres que fofocam que quanto mais forte o homem for, menos
potente ele é (o que em termos de uso de esteróides não deixa de ser verdade).
Além disso, há indivíduos que
não se contentam com um corpo musculoso e uma impotência e resolvem ingerir
mais um hormônio, sendo este o somatotrófico (GH – também conhecido como
“hormônio do crescimento”), afim de aumentarem sua estatura, resultando em um
quadro denominado acromegalia, que consiste em extremidades faciais
avantajadas (agora faz sentido não é? Quando assistíamos aqueles filmes dos
caras extremamente “fortes” e altos, e víamos aqueles queixões
característicos).
Falei muito, mas ainda é
pouco perante os problemas que as doses extras de hormônios podem acarretar.
Lembrem-se, os hormônios são produzidos naturalmente e se injetarmos mais
destes no nosso organismo, podem surtir efeitos indesejáveis. Consulte sempre
seu endocrinologista e tenha consciência de que hormônios extras só são para
aqueles que precisam, como no caso dos quadros clínicos de hipotireoidismo e
hipertireoidismo."
Gustavo Lepore (anakin_lepore@hotmail.com)
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