Não esqueço do dia em que recebi o convite para escrever nesse blog. No terceiro ano do ensino médio, eu tinha o hábito de fazer muitas perguntas nas aulas de biologia ao meu antigo professor, Vinicius Camargo Penteado. Noutro dia, fazendo perguntas das mais esperadas até as mais estranhas, fui convidado para escrever algo de meu interesse neste blog. Era difícil escrever algo naquela época, em que eu me encontrava no meio de uma maratona de vestibulares, mas fazia o possível para postar algo. Interessante é que o tempo passou um pouco rápido: faz uns 10 meses que eu não posto absolutamente nada e, não por remorso, mas por saudades, tenho que comunicar algo a este blog!
Em um estudo, alunos de uma turma de psicologia experimental receberam cinco ratos de laboratório, um labirinto para roedores em forma de T e uma tarefa. Um dos braços do T era branco e o outro cinza. O trabalho de cada rato era aprender a correr para o braço cinza, onde seria gratificado com comida. O trabalho dos alunos era dar a cada rato dez chances por dia para aprender que o lado cinza do labirinto levava à comida e registrar de forma objetiva o progresso de aprendizado de cada rato. Mas na verdade eram os alunos, não os ratos, as cobaias do experimento.
Os estudantes foram informados de que, por meio de um minucioso processo reprodutivo, era possível criar cepas de ratos gênios de labirintos e ratos imbecis de labirinto. Metade dos alunos foi informada de que seus ratos tinham sido selecionados por não ter nenhum senso de direção. Na verdade, nada disso havia sido feito, e os roedores eram indistinguíveis. O verdadeiro objetivo do experimento era comparar os resultados obtidos pelos dois grupos diferentes de seres humanos, para ver se suas expectativas direcionariam os resultados alcançados pelos ratos.
Os pesquisadores descobriram que os ratos que os alunos consideravam brilhantes se saíram significativamente melhor do que aqueles tidos como burros. Os pesquisadores depois pediram para que cada aluno descrevesse seu comportamento em relação aos ratos; uma análise mostrou diferenças na forma como os alunos de cada grupo se relacionavam com os animais. Por exemplo, a julgar pelos relatos, os que acreditavam que seus ratos eram mais aptos lidavam com eles de forma mais delicada, comunicando uma atitude diferente.
Deparei-me com este estudo lendo trechos do livro
Subliminar (editora Zahar), o qual recomendo muito a leitura, de Leonard Mlodinow. A questão é que não são apenas os roedores vítimas de algum processo preconceituoso; possivelmente, todos os seres humanos também são afetados com a natureza da primeira impressão imposta à sua imagem. Para mim, o mais preocupante é o ambiente escolar, em que muitos alunos devem ter seus desempenhos alterados inconscientemente pelas pessoas que o cercam, sejam estas os professores, seus amigos, ou até a própria família
É uma pena, mas não posso impedir a atuação do preconceito sob a natureza humana. No mínimo, torcerei para que a ciência subliminar de nossos olhos não prejudique aqueles que vivem em nosso meio, e que a verdade, por mais que arbitrária, seja justa à imposição de nossas impressões. Que coisa... Boa noite!